Ainda me lembro
Ainda me lembro, de tanta coisa boa, que o tempo arrastou
Ainda me lembro, de tanta coisa boa, que o tempo arrastou, mas permanece viva em minhas lembranças, do homem maduro. Lembro-me dos amigos, e das algazarras. De cada fim de tarde, quando baixa o sol. Dos dias incontáveis e infindáveis. Lembro-me, ainda, que sorria mais, e da alegria, cuja profunda natureza, enchia nossos corações. Quisera nada passasse, e não fossem tão tênues os segundos. Quisera que, desde priscas eras, tivéssemos o dom de olhar para as coisas da vida. Enxerga-las e, sobretudo, ver-lhes esculpida a beleza que há na alegria de uma rotunda gargalhada, emergindo, providencialmente, para aplacar qualquer laivo de tristeza. Olhamos para o mundo, mas vemos apenas a tradução concreta das cousas. Fazemos contas para o final do mês, ignorando se ocorrera. Andamos com tanta pressa que superamos os relógios. E de outra forma, nos prostramos letárgicos diante dos mais floridos canteiros. Assim, a mudança não se deu pelo tempo, ou sua ação. Nossas almas mudaram, para pior. Nos amedrontamos e nos adestramos. Jogando no tabuleiro cotidiano. Ah! Quanta saudade dos precipícios, dos riscos e das curvas. Quiçá acalente em meu peito esse espírito, para enxergar a rosa, que desenho com os dedos, e não seu mísero reflexo no espelho.
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Como diria Maiakovski, ergo a taça, e com euforia que me alivia, celebro mil versos, a cada gota de vinho.
Deixo o liquido inundar a traqueia, enquanto a panaceia das vias, me prepara mais matéria, para pura poesia.
Celebro o arsenal de rimas que se curvam sobre meus dedos, faíscam em minha cabeça, como muletas imprimindo movimento caligráfico.
Avido, debruço-me no o prumo do cálice rotundo, que me vale de engenho para o soneto absurdo.
Viva tudo que seja estético.
Viva tudo que seja onírico
E num poema hibrido e explicito, ressuscito o resto, bem e profundo, para quem passa pelo mundo, e não vive o que é preciso
Necessito do verso!
Viva o oculto em tudo!