Fóssil de 437 milhões de anos é escorpião mais antigo já encontrado - Jornal Fato
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Fóssil de 437 milhões de anos é escorpião mais antigo já encontrado

Pesquisadores esperam que espécime ajude na investigação de como os aracnídeos evoluíram de animais marinhos para terrestres


- (Foto: Reprodução Ohio State University)

Um fóssil de 497 milhões de anos encontrado no norte dos Estados Unidos foi identificado como sendo o escorpião mais antigo já descoberto por cientistas. Um artigo publicado no periódico cientídico Scientific Reports afirma que o animal provavelmente tinha a capacidade de respirar tanto no oceano quanto na terra.

 

Identificar o aracnídeo levou anos: encontrado em 1985, o fóssil só foi estudado agora, e então batizado como Parioscorpio venator. "Estamos observando o escorpião mais antigo conhecido e o membro mais antigo conhecido da linhagem aracnídea, que tem sido uma das criaturas terrestres de maior sucesso em toda a história da Terra", disse Loren Babcock, um dos pesquisadores, em comunicado.

 

 

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Os pesquisadores não sabiam ao certo a idade do animal quando começaram a estudá-lo, pois, apenas observando-o, não tinham certeza de quão próximos ele estava das raízes da história evolutiva dos aracnídeos. Foi analisando outros fósseis na mesma camada arqueológica que eles puderam descobrir sua idade.

 

"As pessoas geralmente pensam que usamos datação por carbono para determinar a idade dos fósseis, mas isso não funciona para algo tão antigo", explicou Andrew Wendruff, principal autor do artigo. "Mas nós datamos coisas com camadas de cinzas - e quando não temos cinzas vulcânicas, usamos esses microfósseis e correlacionamos os anos em que essas criaturas estavam na Terra. É um pouco de datação comparativa."

 

A análise do corpo do escorpião em si revelou características que não eram conhecidas anteriormente em nenhum escorpião, como segmentos corporais adicionais e uma região curta na "cauda", o que lança luz sobre os ancestrais desse grupo. Eles também descobriram pedaços dos órgãos internos do animal, preservados na rocha, como o apêndice, uma câmara onde o animal armazenava veneno e os restos de seus sistemas respiratório e circulatório.

De acordo com a equipe, essas descobertas mostram um elo evolutivo crucial entre a maneira como os ancestrais dos escorpiões respiravam debaixo d'água e como eles respiravam em terra firme. Isso porque, internamente, o sistema respiratório-circulatório tem uma estrutura exatamente como a encontrada nos escorpiões de hoje - algo inesperado.

 

"O funcionamento interno dos sistemas circulatório e respiratório nesse animal é idêntico ao dos aracnídeos e escorpiões que exclusivamente respiram ar", observou Babcock. "Mas também é incrivelmente semelhante ao que reconhecemos nos artrópodes marinhos, como os caranguejos de ferradura."

 

Segundo ele, a linhagem desse animal provavelmente vivia na água e foi pré-adpata à vida fora dela, "o que significa que eles tinham a capacidade morfológica de fazer essa transição [do mar para a terra], mesmo antes de pisar no solo".

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