Dizem os especialistas que não se deve comparar pesquisas de diferentes institutos, pois as peculiaridades na maneira como são feitas podem comprometer a análise. Se for para observar a linha temporal e a evolução dos candidatos, o ideal é utilizar sucessivas pesquisas da mesma fonte.

Entretanto, dá para analisar tendências sem se apegar na exatidão dos números em si. O leitor que viu mais de uma das pesquisas já publicadas percebeu uma constante: em todas - mesmo aquelas encomendados por grupos contrários -, a liderança folgada de Victor Coelho (PSB) ante os demais candidatos em Cachoeiro.

Victor se beneficia, além dos próprios feitos na gestão municipal, da divisão da oposição em outras 10 candidaturas e a fragmentação dos votos. E, apesar de tantos concorrentes, não há um opositor muito claramente definido, nem ação ou omissão inconteste em administração que façam crescer o desejo por mudança. Há outros elementos, mas nos concentremos nestes, por ora.

O eleitor é, na maioria das vezes, conservador. E conservar significa manter. Embora vez por outra ocorram ondas de renovação, essa não tem se desenhado como uma eleição de mudança.

Em Cachoeiro, desde que a reeleição começou a valer, apenas o ex-prefeito Roberto Valadão (MDB) não conseguiu e, ainda assim, prejudicado por escândalos que fizeram derreter suas intenções de votos. Não houve nada parecido na atual gestão.

Ante tantas incertezas provocadas pela pandemia, o eleitor tem se mostrado reticente em fazer apostas. E, a bem da verdade, a maioria dos candidatos é desconhecida da maior parte da comunidade. Ou já foi rejeitada nas urnas em diversas ocasiões diferentes. Não há padrinho político que mude isso.

Estrategicamente, o prefeito se apresenta como porto seguro, ao mostrar o antes e depois de sua gestão nas obras que fez, os projetos já encaminhados para os próximos anos, e a esperança por mais realizações sem a sucessão de crises que permearam seu mandato.

Porém, mesmo neste cenário favorável, a eleição ainda pode ser perdida se o mandatário relaxar. As mesmas pesquisas que consistentemente o apontam Victor como favorito, lhe dão doses generosas de rejeição. Algo comum para quem está no poder, mas que, ainda assim, merece atenção.

Ainda faltam 25 dias até as eleições. E há quatro anos, quem estava em desvantagem a esta altura, era o próprio Victor. O final da história, todo mundo sabe, saiu consagrado das urnas com votação histórica.

Em resumo: o cenário aponta para que Victor se reeleja? Sim. Mas isso é definitivo? Ainda não. Além de salto alto na reta final, o imponderável, um acontecimento muito grave, ainda pode mudar o rumo das coisas.

Pesquisas apontam tendências, mas não dá para contar com os votos antes de serem digitados. Em Cachoeiro, os favoritos das eleições de 2008, 2012 e 2016 cometeram esse erro. E foram derrotados.