Machu Picchu - Jornal Fato
Artigos

Machu Picchu

Com a pandemia do SARS CoV-2 (Covid -19) e fronteiras fechadas entre os vários países americanos, sinto falta das viagens de lazer pelo nosso continente


Com a pandemia do SARS CoV-2 (Covid -19) e fronteiras fechadas entre os vários países americanos, sinto falta das viagens de lazer pelo nosso continente. O Peru é um deles. Vai além da cidade sagrada Inca (Machu Picchu).  Lima, sua capital, com seus dez milhões de habitantes, tem Miraflores como um dos seus principais bairros. Pelas suas ruas planas, e cheias de parques, oportunidade de olhar o oceano pacífico; nos cantos, e centros, de suas largas avenidas, as flores florescem em cores variadas, mesmo com pouca chuva, seu florescimento fica por conta do olhar dos seus admiradores. Lima apresenta resquícios de civilizações pré-colombianas, apresenta, também, belas construções coloniais, a arquitetura espanhola em esplendor nas suas igrejas e mansões, um belo centro histórico. Possui artistas expressando em suas pinturas e gravuras: "Eu falo com minhas mãos e tu escutas com seus olhos." No norte, "Caral": cidade mais antiga da América. Nesta cidade os indícios de uma civilização de cinco mil anos, seus símbolos influenciaram civilizações posteriores como Nasca e Inca. Bem antes das cidades Patrimônio Histórico da Humanidade, Cusco e Machu Picchu, Lima apresenta-se mística. Apresenta em suas ruas: o girassol. Uma flor carregada de simbolismo. Para os Incas, o girassol acompanhava a trajetória do sol, do nascente ao poente. Uma flor sagrada, assim como o ouro: uma lágrima do sol. O ouro para se espantar com a beleza da natureza e com as coisas divinas e transcendentais.  Quando da chegada dos espanhóis ao Peru, em 1533, Francisco Pizarro à frente, os Incas tinham Cusco como centro do seu império. Um Império que se estendia da cidade andina até a Argentina dos dias atuais. Estudavam os astros e irrigavam a terra para a lavoura da batata.  Preveniam-se dos abalos sísmicos.  Os europeus ocuparam o solo, os templos e tomaram o ouro e a prata, não ocuparam a mente. Mais de quinhentos anos não foram capazes de fazê-los esquecer seu idioma: Quechua.

Com a pandemia do SARS CoV-2 (Covid-19), o Peru atual não é diferente do restante dos países da América do Sul. Alterna riqueza e pobreza em seu território. Até a chegada da pandemia, os peruanos descobriam uma indústria: Indústria do turismo (o serviço do nosso século até a pandemia). Ainda que apresente uma infraestrutura deficiente no transporte público e telefonia, e uma rede hoteleira longe do ideal, tudo é compensado por um capital humano contagiante. Recebem e acomodam o turista adequadamente. Um pouco antes da pandemia, Cusco, Lima e Machu Picchu apresentavam segurança para o passeio em suas ruas (dia e noite). Seus centros históricos são apresentados de maneira elegante e em minúcias. O passeio à cidade sagrada Inca (Machu Picchu), entre as várias montanhas do Andes, nos leva a pensar na magia que o homem alcança ao combinar a perfeita integração da terra, água, pedras e o sol. Apesar de sua riqueza humana e histórica, apresenta-se economicamente fragilizada e longe de uma campanha de vacinação adequada. Os peruanos encontram-se, como nós brasileiros, inseguros para receberem e fazerem visitas.

 

Sergio Damião Santana Moraes


Sergio Damião Médico e cronista

Comentários