Sul não pode só ver a banda passar - Jornal Fato
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Sul não pode só ver a banda passar

Mais uma vez, a região deverá ser preterida de importante investimento de infraestrutura necessária para seu desenvolvimento: a EF 118


Num momento em que as agendas de governo são mais simbólicas do que efetivas, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), tem aproveitado para sinalizar posições. Como anfitrião e como visitante também.

Em seu gabinete, recebe aliados que pouco pisaram no Palácio Anchieta na gestão de Paulo Hartung e emite para esses municípios sinais de que os tempos mudaram. Assim, anunciou a volta da realização do Desfile Militar da Independência em Vitória - havia se tornado itinerante-, quando o convidado foi o prefeito da capital, Luciano Rezende (PPS), o primeiro a ser recebido.

Nesta quinta, ao receber ao prefeito de Cachoeiro, Victor Coelho (PSB), a conversa foi sobre o desenvolvimento da combalida região sulina.

O problema, para a porção mais ao Sul do Espírito Santo, é que quando Casagrande saiu, em busca de interlocução com o presidente Jair Bolsonaro, voltou com a confirmação de que, mais uma vez, a região deverá ser preterida de importante investimento de infraestrutura necessária para seu desenvolvimento.

A EF 118, que deveria chegar até a Presidente Kennedy, partindo de Cariacica, deve ficar no meio do caminho e encerrar seu percurso em Anchieta. Ou seja, a contrapartida que a Vale deveria fazer para antecipar a concessão da estrada de Ferro Vitória Minas, servirá para levar a ferrovia que já administra até o porto que também é seu, em Ubu.  

A notícia foi dada pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ao governador, que nesta semana esteve com ele, em Brasília, justamente para destravar a realização de obras federais no Espírito Santo.

Junto com a duplicação da BR 101, que quando anda é em outra direção, e o aeroporto regional que não decola, a ferrovia é aguardada para criar condições logísticas na área de influência do polo Cachoeiro. Dela, também se beneficiaria o projetado Porto Central, em Presidente Kennedy, que apesar de todo estardalhaço, mesmo licenciado, ainda não saiu do papel.

Imagina-se que o governo estadual vá buscar alternativas para cumprir a promessa de atuar pelo equilíbrio do desenvolvimento entre as regiões e que esses assuntos ainda serão tratados com mais profundidade em busca de soluções políticas ou até jurídicas, se necessário.

De outra forma, a região ficará, mais uma vez, a ver navios. Ou pior, sem vê-los, e nem ao porto. E nem aos trens. Mas, com tantos atrasos estruturais e econômicos, o Sul do Estado, diferente de Vitória, não pode se contentar apenas em ver a banda passar.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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