Conexão Mansur: Sirlei Alves de Souza, A ARTESÃ - Jornal Fato
Artigos

Conexão Mansur: Sirlei Alves de Souza, A ARTESÃ

A homenagem que presto a ela, aqui nesta minha simples página, é o reconhecimento do trabalho dela


- Ilustração: Zé Ricardo
 

Quem mudou-se de Cachoeiro para a cidade fluminense de Cabo Frio, foi a artesã cachoeirense Sirlei Alves de Souza, movida pela extrema necessidade de descansar um pouco da sua intensa e genial atividade de artesã, junto com a também imensa atividade de líder natural de grande grupo de artesãs e artesãos cachoeirenses; e põe tempo nessa liderança.

Conversando com ela, Sirlei, ela me disse sobre sua necessidade de momento, de descansar um pouco, mas não deixou de me avisar e confirmar que, de tempos em tempos, passará pela Capital Secreta do Mundo - Cachoeiro de Itapemirim -, quem sabe (ou com certeza?) trazendo mais de seu artesanato, quem sabe dando novas lições poderosas dessa sua arte, muito maior que o artesanato comum. O que ela sempre fez, faz e fará, dedicada que ela é ao que faz, e ao que gosta de fazer e sempre aprendendo... e ensinando.

A homenagem que presto a ela, aqui nesta minha simples página, é o reconhecimento do trabalho dela, que é feito em benefício da sociedade, da coletividade, sem nada cobrar e com o coração alegre nas mãos.

Vá e volta logo amiga Sirlei, é o que eu, Maria Elvira e todos aqueles e aquelas que te conhecem te desejam e com todo o carinho do mundo e do coração.

 

Festa de Cachoeiro - 29 de junho

Cachoeiro oficialmente virou cidade no dia 25 de março de 1867, logo o aniversário e a Festa de Cachoeiro deveriam ocorrer em todos os dias 25 de março de cada ano. Essa é a coisa normal a ser seguida.

É o que escreveu Newton Braga no jornal cachoeirense "O LIVRO", de 11 de março de 1938: - "Faríamos de 25 de março de todos os anos, o Dia de Cachoeiro... A cidade toda recebendo, festivamente, os filhos distantes: a grande família reunida".

Só que não!

Acontece que - e isso foi detectado pelo próprio Newton Braga, já lá por volta de 1939, quando ele pensava melhor sobre o assunto, transformando a imaginação simples em atos e fatos reais para mostrar Cachoeiro ao mundo e aos cachoeirenses: - Se a Festa ocorresse em 25 de março, poucos cachoeirenses moradores fora de Cachoeiro viriam a ela, já que as férias de verão haviam acabado de terminar e os cachoeirenses ausentes precisavam voltar ao local de moradia... para estudar e trabalhar.

Enquanto isso, havia o dia 29 de junho, dia consagrado ao Padroeiro de Cachoeiro, São Pedro, dia comemorado pela igreja católica, período de início de férias de inverno, que permitia e facilitava a visita daqueles cachoeirenses que se foram e que Newton Braga queria que voltassem.

E foi em meados de 1939, como informa o Professor David Loss, que "o poeta Newton Braga imaginou uma festa popular, no Dia de São Pedro, Padroeiro de Cachoeiro, para promover o reencontro dos cachoeirenses que se foram para outros recantos, levando no peito a saudade dos que aqui ficaram e, no cantinho do coração, o amor à sua terra natal".

E a partir de 1942, com a continuação do sucesso da Festa de Cachoeiro em 29 de junho, o mesmo Newton imaginou e criou a homenagem ao "Cachoeirense Ausente nº 1", homenagem que persiste e persistirá, para glória dele, glória nossa e glória de todos os Cachoeirenses e dessa doce Terra.

Assim nasceu o "Cachoeirense Ausente nº 1, obra da inteligência e sensibilidade de Newton Braga e do amor daqueles cachoeirenses que se foram da terra, para outras plagas, e voltam prazerosa e merecidamente homenageados.

 

MACRO-DRENAGEM

Confesso minha ignorância quanto à tal de Macrodrenagem que se vem fazendo em alguns bairros e regiões de Cachoeiro, com a concentração da "entrega" das águas de chuvas e temporais ao Rio Itapemirim, mais propriamente, e é aí que vejo o perigo, principalmente no Centro da Cidade, já submetido por mais de vez, nos últimos e recentes anos, a inundações catastróficas.

Se a macrodrenagem resolve problemas, acredito possa estar criando outros, já que, no futuro, a quantidade de água despejada rapidamente no leito do rio, no centro da cidade, provocará calamidade maior, muito maior do que as que temos visto até aqui.

Entre outros questionamentos, acredito que a prefeitura falhou gravemente ao não apresentar à população e aos técnicos independentes, estudos técnicos sobre o que pode acontecer, com a quantidade de vazão de águas num período de intensos temporais, iguais ou maiores que o de 2020, em nossa cidade.

Não estou dizendo que estou certo ou errado; não estou dizendo que as autoridades estão certas ou erradas; apenas exponho o meu pensamento de observador da natureza e fujo da covardia de ficar em silêncio, em prejuízo da sociedade e da população.

(Texto meu, publicado na Conexão Mansur 787. Continuo preocupado e não vi ninguém falar sobre o assunto - fica, portanto, novamente, o registro. E meu olhar está voltado para as enchentes atuais do Estado do Rio Grande do Sul).

 

Enchentes urbanas: do diagnóstico à solução

Álvaro Rodrigues dos Santos

Apesar dos grandes recursos financeiros já investidos em obras e serviços de infraestrutura hidráulica, como ampliação das calhas e desassoreamento de seus grandes rios, a dura realidade vem mostrando que um enorme número de médias e grandes cidades brasileiras estão cada vez mais vulneráveis a episódios de enchentes. Há uma explicação elementar para tanto: resistindo a admitir o total fracasso do modelo adotado para o enfrentamento do problema, todas essas cidades continuam a cometer os mesmos erros básicos que estão na origem causal das enchentes urbanas.

Relembremos a equação básica das enchentes urbanas: "volumes crescentemente maiores de águas pluviais, em tempos sucessivamente menores, sendo escoados para drenagens naturais e construídas progressivamente, incapazes de lhes dar vazão".

Ou seja, a cidade, por força de sua impermeabilização, perde a capacidade de reter as águas de chuva, lançando-as em grande volume e instantaneamente sobre um sistema de drenagem - valetas, galerias, canais, bueiros, córregos, rios - não dimensionado para tal desempenho. E aí, as enchentes. Ao menos em seu tipo mais comum.

Excessiva canalização de córregos e o enorme assoreamento de todo o sistema de drenagem por sedimentos oriundos de processos erosivos e por toda ordem de entulhos de construção civil e lixo urbano compõem fatores adicionais que contribuem para lançar as cidades a níveis críticos de dramaticidade no que ser refere aos danos humanos e materiais associados aos fenômenos de enchentes. E, lamentável e inexplicavelmente, as cidades continuam a cometer todos esses erros.

(O texto acima, publicado na CONEXÃO MANSUR 788, parece referir-se diretamente a Cachoeiro, mas é artigo cientifico que descreve fatos como o de Cachoeiro, dada a semelhança dos erros públicos). O autor é Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, autor dos livros "Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática", "A Grande Barreira da Serra do Mar", "Diálogos Geológicos", "Cubatão", "Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções", "Manual Básico para elaboração e uso da Carta Geotécnica", "Cidades e Geologia", além de Consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia (Crônica publicada anteriormente no portal Eco Debate)).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

Comentários