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Deparo-me com a notícia de que o Talibã obriga as mulheres a usarem burca


Foto: TSF

Deparo-me com a notícia de que o Talibã obriga as mulheres a usarem burca, impede que estudem ou trabalhem e decepam, com um golpe de espada, braços femininos à mostra. E após muitos anos de razoável liberdade, os movimentos de mulheres estão se organizando, no Afeganistão, para não serem obrigadas a se submeterem às severas restrições impostas pelo novo regime, que segue as regras muçulmanas de conduta.

Visitamos Istambul, na Turquia há 27 anos. Havia grande propaganda turística e a cidade recebia muitos ocidentais, por conta da beleza dos templos e mesquitas e pelo comércio de produtos orientais, principalmente os famosos tapetes. Foi onde tomei conhecimento "in loco" da situação das mulheres muçulmanas. Cobertas totalmente, só com os olhos descobertos, roupas escuras num calor infernal, não andavam ao lado dos homens, só atrás, escondiam-se nas vielas para fumar, não se ouvia a voz delas, não se comunicavam em público, e numa cidade de comércio muito ativo não vi nenhuma mulher trabalhando nas lojas. Os homens, desrespeitosos, se sentavam ao lado e sopravam a fumaça dos cigarros na nossa cara. As mulheres eram proibidas de adentrarem nas mesquitas, onde os homens   oravam três vezes ao dia, virados para Meca, a cidade santa.

Em outras cidades que visitamos, como Paris, Londres e Roma, a situação das muçulmanas era idêntica. Sei que hoje há uma maior flexibilidade, elas frequentam as faculdades no exterior. Contudo a submissão aos homens da família se mantém através do tempo, e elas simplesmente se sujeitam por questões religiosas e culturais.

A religião é a principal responsável por essa situação e citar apenas a muçulmana seria incorreto. Muitas religiões cristãs, após mais de dois mil anos e toda evolução no mundo, seguem literalmente as orientações de Paulo em sua carta aos Efésios, 22 e 23: "Mulheres sejam submissas aos seus maridos como ao Senhor. Pois o marido é a cabeça da mulher". E em pleno século 21 encontramos mulheres que usam roupas que cobrem todo o corpo, não cortam nem pintam os cabelos, os mantém presos em coques e não usam maquiagens. Observo famílias na praia em que os homens tomam banho com roupas adequadas, e as mulheres entram no mar totalmente vestidas. E em nome de um Deus, que imagino estar indignado com tanto absurdo, lideranças religiosas pregam que mulheres não podem ter mais estudos que seus maridos, e orientam as mulheres a aceitar e acolher os maridos violentos que as espancam e a orar por eles para que recebam a misericórdia de Deus. O Talibã pode estar bem perto de nós e nem tomamos consciência.

 

Marilene De Batista Depes

 

 


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