"Momentos de crise se resolvem com inovação" - Jornal Fato
Entrevista

"Momentos de crise se resolvem com inovação"

Guerino Balestrassi, secretário de Estado de Ciência e Tecnologia planeja espalhar incubadoras de tecnologia no interior


 

 

A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional (SECTI) planeja espalhar incubadoras de empresas de inovação por todo o Estado. O objetivo é estruturar polos para abrigar empresas inovadoras nas cidades de Cachoeiro de Itapemirim, São Matheus e Colatina, além da Grande Vitória.

Ainda neste semestre, a Secti, por meio da Fapes (Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do Espírito Santo), e a Secretaria da Agricultura (Seag) lançam o edital para financiamento de pesquisas aplicadas a políticas públicas estaduais voltadas ao desenvolvimento agropecuário. O total investido pelo Governo do Estado é R$ 14 milhões. O intuito é desenvolver novas tecnologias e de cultivo no campo. Além disso, as bolsas de desenvolvimento científico e tecnológico destinadas aos projetos do interior somam mais de R$ 11 milhões.

Em entrevista concedida na última segunda-feira (10/08), o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Guerino Balestrassi (PSDB), explicou que a produção organizada de ciência e tecnologia no Espírito Santo passa por criar o ambiente de inovação em todo o Estado. Mas, primeiro é preciso fazer com que demandas e soluções de empresas e pesquisadores finalmente se encontrem. O chamado "Mapa da Tecnologia" pretende maximizar o diálogo entre esses atores. Ele já existe e começa a sair do papel.

Leia entrevista completa:

 

ADI-ES - O senhor considera que a produção de ciência é organizada no Espírito Santo?

Guerino Balestrassi - Acho que estamos organizando. O Espírito Santo tem uma defasagem grande em relação a alguns Estados. Por outro lado, temos uma chance de fazer a coisa certa. A secretaria tinha foco em entregas. Um conjunto de serviços e atividades que não necessariamente são da área da inovação, da ciência e da tecnologia. Hoje, ela é mais estratégica. Nosso foco é melhorar o ecossistema da inovação, principalmente fazer com que a academia se aproxime mais das demandas do mercado.

 

Vocês querem fazer a ponte entre empresários e os pesquisadores?

O número de pesquisadores que hoje trabalham com foco em problemas reais é pequeno. Precisamos avançar. Grandes empresas têm problemas que precisam ser resolvidos. Precisamos é verificar qual o problema real das empresas. Assim os pesquisadores já trabalham com essas demandas. Por isso é importante ter o mapeamento de todos os atores da inovação no Estado. Isso já é um produto importante. É o caminho.

 

Esse mapeamento já foi realizado?

É uma construção já existente que chamamos de "Mapa da Inovação". Lá identificamos, de forma estruturada, quem está fazendo o que. Ou seja, quais são as competências instaladas de ciência e tecnologia. Como disse, é importante entender as demandas desses atores. Qual a demanda do setor acadêmico, do público, do empresarial? E principalmente como fazer a conexão desse conjunto.

 

Vivemos momento de aperto de cinto. Fazer os atores do mapa da inovação conversarem custa muito caro?

O diálogo é o fundamental. E os momentos de crise se resolvem com inovação. Nesse período que se tem que detectar os espaços em branco onde é possível fazer a diferença. Países e Estados que superaram crise fizeram isso pela inovação. Depois da Segunda Guerra, o Japão saiu pela inovação. Nosso caminho também tem que passar pela inovação.

 

Nós somos inovadores? Quais os empecilhos para as grandes ideias aqui e no mundo?

Você chega a uma empresa pequena e sempre existe no balcão alguma tentativa de fazer algo novo. Existe a iniciativa, mas não se consegue entender onde existe um laboratório para melhorar a ideia, onde existem recursos para auxiliar. Esse conhecimento do todo é fundamental para o êxito. Entramos nessa ação estratégica.

 

Como atrair doutores e pesquisadores de ponta?

É preciso falar dos bons laboratórios que temos. O mundo paga caro para manter pesquisadores de ponta. Aqui temos condição de ter ambiente propício para pesquisadores. Um Estado pequeno, com qualidade de vida e com forte capacidade de internacionalização. Dispomos de grandes empresas cheias de demandas. Temos editais de inovação de R$ 13 milhões, como o Tecnova-ES [edital de subvenção Econômica lançado pela Fapes]. Agora vamos ter uma parceria com a Valle juntamente com a Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Um edital que pode chegar perto de R$ 16 milhões.

 

O que é possível fazer pelo homem do campo? Como fazer as soluções chegaram ao interior?

Vamos ter um edital de cerca de R$ 14 milhões em parceria com a Fapes e Secretaria de Agricultura focado no desenvolvimento de novas tecnologias e de cultivo no campo. O foco é melhorar a produtividade, seja de orgânicos, de café, ou de outros produtos. Objetivo é fazer com que os produtos cheguem ao mercado com melhor qualidade e menor custo.

 

Existem projetos de incubação de empresas inovadores na Grande Vitória e no Interior?

Estamos fazendo parceria com a TecVitória [Incubadora de Empresas do Espírito Santo] e trabalhando para ter incubadoras em São Matheus, Cachoeiro e Colatina. Além disso, podemos trabalhar incubação nas escolas estaduais, já começamos a fazer isso. O trabalho de difusão começa nas escolas. A Semana de Ciência e Tecnologia é um grande encontro disso. Nossa Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, que acontece de 28 a 30 de outubro, no Centro Estadual de Educação Técnica Vasco Coutinho (em Vila Velha).

 

O senhor já foi prefeito de Colatina duas vezes. Ano que vem o secretário pode virar candidato?

Continuo secretário, se Deus quiser! Não tem nada decidido, mas meu objetivo maior é fortalecer esse sistema da inovação.

 

 

 

Por Flávio Borgneth

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