O trajeto percorrido entre trilhas abertas na mata e estradas de terra batida, ligando as localidades de Gávea a Santo Antonio do Tufão, em Vargem Alta, à época, um dos distritos de Cachoeiro de Itapemirim, certamente ainda estão na memória de Domingos Altoé. Afinal foram três anos e muitas cavalgadas para estar ao lado da namorada Almerinda Pazini. "E não havia tempo ruim. Sob sol ou chuva, o percurso era vencido pelo trote do cavalo", conta o agricultor.

 

Os filhos de Ângelo João Altoé e Ana Agrizi, e Rodolfo Pazini e Júlia Scarpi, tradicionais famílias descendentes de italianos, na região serrana do sul do estado, não queriam perder tempo e o casamento aconteceu no dia 28 de julho de 1950. E tudo como mandava a tradição da época: café de despedida, na casa da noiva e os convidados seguindo o casal até a igreja, uns a cavalo; outros tantos caminhando.

 

A cerimônia que selou a união de Domingos e Almerinda aconteceu na igreja de São João Batista, em Jaciguá, com celebração do padre Antônio Maria. A partir desse dia estava formado um elo que nem o tempo conseguiu romper e que, na próxima terça-feira, completa 65 anos de cumplicidade perene.

 

Hoje, morando no distrito de Jaciguá, o casal tem belas histórias para contar desses mais de meio século de vida em comum. Entre eles, o curioso, mas comum, no passado, ofício de Almerinda: o de parteira. "Podia ser a qualquer hora da noite ou madrugada que fosse chamada para atender uma grávida prestes a dar à luz, era só me chamar. Não dá para contar o número de partos, pois nem me lembro, quantas crianças nasceram com minha ajuda", diz a hoje matriarca da família Altoé/Pazini.

 

Domingos, por sua vez, também possui um "currículo", no mínimo inusitado, no quesito de nascimentos. Foi ele quem fez o parto dos 11 filhos, sendo que os dois últimos são gêmeos. "Parece que a experiência da Almerinda me ajudou nessa tarefa pouco comum aos homens, mesmo naquela época", conta emocionado.

 

Atualmente, três gerações estão encarregadas de perpetuar o amor incondicional do casal. São 11 filhos, 26 netos, 14 bisnetos, 5 noras, 2 genros e 14 agregados (maridos e esposas dos netos (as). E assim, num simples almoço de domingo, a grande família consegue reunir 74 pessoas em torno da mesa farta de comida, alegria, recordações e ótimos exemplos.