Governo quer frear acidentes no trânsito
Programa de educação no trânsito e investimentos de até R$ 300 milhões
Acidentes de trânsito tanto comprometem a vida de pessoas, quanto oneram os serviços de saúde pagos por toda população. A grande questão é como transferir o dinheiro gasto com os acidentes na prevenção deles. Isso inclui mudança de cultura e também investimentos viários que, além de salvar vidas, ainda auxiliam a dinamizar a economia de um Estado que historicamente tem vocação portuária.
Todos os anos, cerca de 60 mil pessoas morrem no trânsito em todo Brasil. Os mutilados anualmente chegam aos 500 mil. "O Espírito Santo está entre os Estados mais violentos no trânsito. Temos média de mil óbitos nos últimos cinco anos", contabiliza o Diretor Geral do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES), Fabiano Contarato.
De janeiro a abril deste ano foram realizados 3.219 atendimentos de acidentes de trânsito no Espírito Santo pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192). Deste total, 1.548 foram com motos. Já 934 envolviam carro. As principais causas de acidentes são dirigir sob efeito de álcool, trafegar em velocidade inadequada e a não obediência às leis de trânsito.
Depois do acidente
O maior índice de acidentes está na faixa de 20 e 35 anos. São jovens que utilizam a motocicleta sem o equipamento de proteção adequado, ou mesmo de forma incorreta. As vítimas ocupam os leitos hospitalares por vários dias. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), o custo por paciente chega a R$ 11 mil.
O hospital São Lucas (Vitória) é referência em atendimento de traumas no Estado. Por lá, vítimas de trânsito têm média de permanência de entre 10 e 15 dias, só na UTI. O custo médio com paciente clínico é de R$ 4 mil. "Mais de 70% dos leitos do Estado no setor de traumatologia e ortopedia estão ocupados por acidentados no trânsito", estima Contarato.
Os custos dos acidentes de trânsito no país impactam ainda em compensações pagas pela União. O Seguro DPVAT pagou 52.200 indenizações por morte, e outras 596 mil por invalidez em 2014. Isso custou R$ 40 bilhões para os cofres públicos.
Educação e investimento
Os números tendem a sanar com atitudes que passam por investimentos, mas incluem mudança de comportamento e preocupação com os futuros condutores. Além de fiscalização e revitalização da pintura da sinalização horizontal das vias, Contarato enumera como prioridade a educação para o trânsito. A abordagem educativa tem sido levada para escolas do Estado e também ao público adulto.
Os investimentos nas vias complementam o plano de ação. Números da Secretaria dos Transportes e Obras Públicas (Setop) contabilizam investimentos do Governo do Estado em mobilidade urbana. São aproximadamente R$ 300,7 milhões de contratos vigentes ou se iniciando no ano corrente. Os contratos de melhorias, manutenção e construção de vias no interior somam dois mil quilômetros, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem.
"Precisamos diminuir acidentes. Isso é prioridade. Nos investimentos, temos o lado econômico, que é diminuir os custos do transporte e dinamizar a economia. E o lado social, de redução de acidentes e do custo hospitalar e policial das ocorrências", avalia o diretor-geral do DER, Halpher Luiggi. "Temos expectativa de em cinco anos ter estrutura rodoviária superior, mais confortável que a atual. E temos que ter, pois o fluxo portuário será maior", complementa.
O Espírito Santo possui, aproximadamente, 6.700 quilômetros de malha rodoviária estadual. De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES), 5% apresentam situação muito boa, 30% boa, 36% regular e 29% ruim.
"As fragilidades da estrutura viária não são só do Espírito Santo. São do Brasil. Algo hoje começa a ser determinado. A BR 101, a promessa da BR 262. Vamos aguardar. No fundo, a logística de transporte deve ser vista de forma abrangente" analisa o especialista em políticas públicas Roberto Simões, referindo-se à necessidade de ter vias e portos adequados para receber e transportar cargas. Para Simões, modernizar estradas e portos é atitude integrada.
BR'S
Na BR 101, as obras já começaram. De acordo com o diretor-geral do DER, "o início da duplicação depende de licença ambiental". A estimativa é de que tão logo iniciada, tenha o primeiro de seus três trechos entregues em dois anos. Já a BR 262, que recentemente teve seu aporte anunciado pelo Governo Federal, tem estimativa de cinco anos de trabalho para ficar pronta. No meio das duas rodovias, outra iniciativa que pretende ligar ambas.
Contornos
Construir os contornos das grandes cidades e cidades polo do Estado faz parte das metas do DER. "Hoje, as rodovias estão muito dentro das cidades", complementa. O Corredor Leste-Oeste é um desses contornos. Vai criar nova ligação entre as BRS 262 e 101, em Cariacica (Grande Vitória) e beneficiar o eixo sul da Região Metropolitana. As obras têm previsão de retomada em agosto. A previsão de conclusão é de 18 meses. O investimento total para finalizar obra é da ordem de R$ 148 milhões.
Box
Obras no interior
Veja lista dos trechos que receberão melhorias
As rodovias ES-164 (trecho entre Pancas e Alto Rio Novo); ES-080 (Trecho da Ponte sobre o Rio Pancas) e a ES-320 (Trecho Ecoporanga) estão sendo revitalizadas. Além disso, de acordo com o DER, estão previstas as seguintes obras para o interior do Estado:
Duplicação da ES-482 (trecho Cachoeiro - Coutinho); reabilitação e duplicação da ES-060 (São Mateus - Guriri); pavimentação da ES-137 (Nova Venécia - Patrimônio da Penha); reabilitação da ES-344 (Vila Valério - São Gabriel da Palha); pavimentação da ES-446 (Colatina - Itaimbé); reabilitação da ES-164 (Alto Rio Novo - Pancas); reabilitação da ES-164 (Bom Jesus do Norte - BR-101); pavimentação da ES-135 (Boa Esperança - Patrimônio Dilô); ES-320 (Ecoporanga - Cotaxé); ES-177 (Muqui - Jerônimo Monteiro); ES-209 (entrada Pinheiros - entrº Taquara) e reabilitação da ES-257, trecho Aracruz - entrada ES-060 (fábrica da Fibria).
No litoral, são prioridade as obras de reabilitação do acesso de Setiba; reabilitação da ES-060 (Nova Guarapari - Anchieta); a contenção da erosão, dragagem e aterro hidráulico no Terminal Pesqueiro de Itaipava; pavimentação da ES-486 (trecho Gironda - Alto Gironda - Itaoca); implantação e pavimentação da travessia da cidade de Piúma (ES-060), trecho Avenida Dr. Danilo Monteiro de Castro - ponte sobre o canal do Itaputanga; e implantação da ES-115, trecho Av. Minas Gerais - Nova Almeida.
| Serviço: |
|
