Rede de saúde mental precisa de estruturação - Jornal Fato
Política

Rede de saúde mental precisa de estruturação

Audiência pública sobre o problema foi realizada na Câmara Municipal de Cachoeiro


 

"Depois que eu matar um monte de gente, aí vão me levar pra cadeia ou para clínica. É isso que estão esperando?". A perturbadora questão foi levantada por uma paciente diagnosticada como psicótica e esquizofrênica e deixa claro a necessidade de estruturação de programa de saúde mental em Cachoeiro de Itapemirim.

 

Ela diz que já procurou em hospital, foi encaminhada ao Centro Regional de Espacialidades (CRE) e ao Programa de Saúde da Família (PSF), sem conseguir atendimento. "O município não faz nada, e o Estado nada faz".

 

E somente ontem(16), em audiência pública sobre o tema, realizada na Câmara, soube da existência de Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS). Segundo Elizandra Rodrigues, representante do Caps, a política federal de saúde mental existe há 20 anos, mas Cachoeiro começou agora a trabalhar nessa área.

 

"Há casos que podem ser atendidos na Estratégia da Saúde da Família e é necessário fazer a interlocução com a rede. O CAPS não dá conta. Hoje, em Cachoeiro, o CAPS 2 tem 11 profissionais e mais de 220 pacientes. Precisa do CAPS 3 e também fortalecer o atendimento extra-hospitalar. Claro que é preciso de internação, mas que seja qualificada e humanizada", diz.

 

Clínica

 

O eminente encerramento da clínica Santa Isabel a pacientes encaminhados pelo SUS também preocupa. O número de pacientes já foi reduzido de 300 para 140, mas a instituição ainda tenta acordo para aumentar os repasses junto ao governo do Estado. Hoje, cada leito do SUS representa cerca de R$ 38,00 a diária, enquanto os particulares pagam R$ 250,00.

 

Ademir Torres, do Conselho Estadual de Direitos Humanos diz que já denunciou várias vezes a superlotação no local. "Se o SUS não financia a Santa Isabel, os municípios precisam dar o atendimento".

 

 

É preciso fortalecer a rede básica

 

O primeiro passo para construir uma rede de saúde mental que funcione, segundo Angelina Rosa Gonçalves, da Superintendência Regional de Saúde, é fortalecer o atendimento nas unidades básicas de saúde, que é a porta de entrada.

 

"Sem esse aprimoramento, não adianta ter outras estruturas, que demandam até investimentos muito maiores. É preciso capacitar os servidores e o atendimento".

 

O subsecretário municipal de Saúde, Roberto Póvoa, diz que a prefeitura tenta estruturar a rede de saúde mental, para que atenda os usuários em todos os níveis de atenção. "A Secretaria não está em momento de ampliar as ações, mas criou o serviço de saúde mental, para fazer a coordenação entre os serviços existentes".

 

Segundo ele, é preciso retomar a conversa com o Governo do Estado sobre a possibilidade de implantar residências terapêuticas, consultórios de rua, CAPS 24 horas e passar CAPS 2 para gestão do município. Mas, para isso, salienta, é necessário que o estado aporte maior volume de recursos.

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