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A saga do encontro virtual

A história que passo a narrar aconteceu com os membros da Academia Cachoeirense de Letras


A história que passo a narrar aconteceu com os membros da Academia Cachoeirense de Letras. A reunião presencial que aconteceria em 16 de março foi suspensa, exatamente no dia que iniciou o lockdown, o confinamento que se estende até hoje - e a Academia é composta por maioria em idade de risco. Fomos nos comunicando no grupo de WhatsApp do qual nem todos participam, temos companheiros que relutam em adotar as novas tecnologias. E planejamos uma reunião virtual para o Dia Nacional do Livro, data regularmente comemorada pela Academia.

A secretária trabalha na área de marketing e domina a técnica da reunião e foi informando como todos deveriam se comportar. No dia aprazado ela nos enviou o link e deu todas as orientações, inclusive com uma aula dos passos a serem seguidos, de forma bem didática. Daí começaram os atropelos, imaginem uma reunião virtual com participantes dos quarenta aos noventa anos, com acadêmicos espalhados aqui, em Marataízes, Rio de Janeiro e São Paulo. Os mais jovens tiraram de letra, foram os primeiros a entrar e começaram a resgatar os mais antigos que se perderam em outra reunião, e uma acadêmica passou praticamente todo o tempo resgatando gente que entrava e saía repentinamente, que não conseguia ligar o som ou que se focalizava fora do enquadramento.

Eu iria participar com um acadêmico e uma técnica na sala da Academia na Casa da Memória, mas fui avisada que o hi-fi de lá podia não ser compatível com meu celular, o por precaução fiquei em casa, em respeito aos colegas e a tecnologia que não domino. Combinamos usar as nossas pelerines, que são aquelas casaquinhos soltos sobre os ombros que distingue os acadêmicos, e todos atenderam, inclusive até quem estava viajando, o que deu um aspecto de solenidade ao encontro.

O Objetivo da reunião era comemorarmos o Dia do Livro narrando a experiência de cada um, com a leitura, durante a pandemia. Alguns acadêmicos gravaram diante de suas bibliotecas e um casal o fez praticamente mergulhado numa montoeira de livros, o que nos indicou a dimensão do apreço de ambos.  As partilhas foram enriquecedoras, de tamanha profundidade que mereciam ser publicadas. Apesar dos atropelos, a experiência foi de uma emoção incalculável, que somente o amor pela leitura e pela cultura pode proporcionar. Vivenciamos relatos e partilhas que fizeram cada um de nós mais comprometido com a literatura e com a Academia. E pudemos entender a grandeza do amor que nos une, através do amor comum pelos livros.

 

Marilene De Batista Depes

 

 


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