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Para os brasileiros, apelido. Para os de língua castelhana, sobrenome


Para os brasileiros, apelido. Para os de língua castelhana, sobrenome. No Brasil, forma de tratamento entre o carinhoso e o depreciativo. Utilizado para uma aproximação entre familiares, amigos e colegas de trabalho. Também, por aqueles que buscam o constrangimento do outro. Na infância e adolescência usa-se para as brincadeiras associadas ao peso, forma de cabelo, altura e tudo aquilo ligado ao corpo humano. Uma comparação aos animais não racionais.

Com o apelido crescemos sem a identidade oficial, ficamos conhecidos por outro nome, aos poucos abandonamos o verdadeiro nome. Retornamos à identidade do nascimento quando ingressamos em um emprego ou escola de terceiro grau. O bom apelido parece um desejo de todos, pois, deixamos nos chamar no diminutivo ou aumentativo, escolhemos aquele que nos sentimos melhor. Talvez um desejo disfarçado por outra vida.

Nos esportes é grande o número de apelidos. No futebol são os mais conhecidos: Pelé, Zico, Careca, Dinamite, kaká... Uma marca, um marketing. Como na idade média, alguns nomes estão associados ao local de origem e nascimento da pessoa: Renato Gaúcho, Marcelinho Carioca, Juninho Pernambucano... As contradições existem: jogador cabeludo chamado careca; Magrão com grande massa muscular e tecido adiposo. Para os políticos fica mais fácil a lembrança do eleitor em época de eleições. Preferem ser chamados pela parte mais forte do nome, geralmente ligado ao da família. Fora a referência familiar, o partido político também é utilizado, menos frequente nos dias atuais, com o enfraquecimento partidário. O uso do local de origem na política não é habitual, certamente devido ao excesso de candidatos e pelo velho dito popular: "Santo de casa não faz milagre."

Na história do Brasil o mais marcante foi Tiradentes, herói nacional da Conjuração Mineira, nascido Joaquim José da Silva Xavier. Dos grandes generais, o grego se sobressai: Alexandre, o grande. Deixa a impressão de um gigante. O mito e fama da grandiosidade se justificam pelas estratégias e conquistas militares, porém, media pouco mais de metro e meio.

De todos os apelidos, o que mais gostamos é o que carregamos do "berço". Uma das primeiras palavras que temos contato. Geralmente criado por um dos irmãos, sem uma explicação lógica, geralmente por uma palavra mal pronunciada que os pais assimilam e incentivam o uso, para facilitar a comunicação entre os filhos. E assim, o restante da família passa a usar.

Muitas vezes, um inocente apelido de infância é tudo que nos resta. No pequeno nome guardamos sorrisos alegres de brincadeiras infantis; o som da batida da bola no chão de barro, ou mesmo, nada ouvimos ou vemos. Apenas guardamos lembranças de uma tarde chuvosa, e do silêncio, em um longo Cais para aviões, que nunca pousaram, na beira do mar.

 

Sergio Damião Sant'Anna Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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