Coisa vagabunda, hábito cortês - Jornal Fato
Artigos

Coisa vagabunda, hábito cortês

Expressão poderia caber em algum samba do Gonzaguinha


- Foto: Reprodução/Web

Numa definição que, apesar de matutada por mim, caberia em algum samba do Gonzaguinha, o calmante do homem comum é o espetinho de churrasco da esquina entre as ruas da tarde e da noite. Acompanhado de latão ou limãozinho (um oferecimento do trailer do Taliano, cover involuntário do Phil Collins), o petisco não apenas acalenta, como também - e com pimenta - revigora.

 

Uma vez restabelecido (e aí, sim, devidamente em consonância com o verso gonzaguiano), o homem comum há de regressar ao seu lar e, no dia seguinte, prosseguir no intento de construir a "manhã desejada".

 

****

 

Disse-me, há muitas luas, que minhas crônicas "tem curvas" (guardei sua frase-ametista no meu patuá e, desde então, eu a carrego para não me perder). Modestamente, as sinuosidades das palavras que escrevo - a imprevisibilidade que lhe encanta - são apenas ecos da cadência do hômi do terno branco: jamais discrepante, embora contraditória, sua não-linearidade me torna retidão.

 

****

Vamos saudar as manhãs nubladas,

que nos entregam ventos e versos frescos,

renovando a nossa fé na caminhada

para retomar o que nos torna nós mesmos.

E quem nos torna tais é só o amor,

esta força de vida, que revalida os exaustos,

revida a maldade, revira o amargor

e faz vitorioso quem dele (o amor) é arauto.

 

****

- Você é artista mesmo, hein?

- Artistas são meus pais. Eu sou é arte.

****

 

Ainda (e sempre) à procura do mote perfeito, vou ao espelho e confirmo que a minha vida, por assim dizer, é "uma coisa vagabunda, um hábito cortês".

 


Felipe Bezerra Jornalista

Comentários