Coisa vagabunda, hábito cortês
Expressão poderia caber em algum samba do Gonzaguinha
Numa definição que, apesar de matutada por mim, caberia em algum samba do Gonzaguinha, o calmante do homem comum é o espetinho de churrasco da esquina entre as ruas da tarde e da noite. Acompanhado de latão ou limãozinho (um oferecimento do trailer do Taliano, cover involuntário do Phil Collins), o petisco não apenas acalenta, como também - e com pimenta - revigora.
Uma vez restabelecido (e aí, sim, devidamente em consonância com o verso gonzaguiano), o homem comum há de regressar ao seu lar e, no dia seguinte, prosseguir no intento de construir a "manhã desejada".
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Disse-me, há muitas luas, que minhas crônicas "tem curvas" (guardei sua frase-ametista no meu patuá e, desde então, eu a carrego para não me perder). Modestamente, as sinuosidades das palavras que escrevo - a imprevisibilidade que lhe encanta - são apenas ecos da cadência do hômi do terno branco: jamais discrepante, embora contraditória, sua não-linearidade me torna retidão.
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Vamos saudar as manhãs nubladas,
que nos entregam ventos e versos frescos,
renovando a nossa fé na caminhada
para retomar o que nos torna nós mesmos.
E quem nos torna tais é só o amor,
esta força de vida, que revalida os exaustos,
revida a maldade, revira o amargor
e faz vitorioso quem dele (o amor) é arauto.
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- Você é artista mesmo, hein?
- Artistas são meus pais. Eu sou é arte.
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Ainda (e sempre) à procura do mote perfeito, vou ao espelho e confirmo que a minha vida, por assim dizer, é "uma coisa vagabunda, um hábito cortês".