Impactos das enchentes... em Castelo - Jornal Fato
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Impactos das enchentes... em Castelo

Cheguei agora a uma conclusão simples, embora ela já seja sabida por todos nós


Cheguei agora a uma conclusão simples, embora ela já seja sabida por todos nós:

- Quer discutir pra não chegar a lugar nenhum, ou chegar só ao destino que queremos?

É simples, senhores autoridades, coloquem tudo nas mídias sociais, deem opiniões meramente "técnicas", se possível enrolando o leitor ou o ouvinte. E nunca, mas nunca mesmo, seja prático naquilo que está sendo planejado. Aí fica fácil enrolar todo mundo, fugindo da realidade que, ao final, é o que nos interessa; o que interessa à cidade e aos cidadãos, embora ambos, por vezes, nem saibam disso.

Há décadas brigo e apanho muito quando se trata de discutir, na coisa pública, o meio-ambiente e o Plano Diretor Municipal de Cachoeiro.

Por mais que queiramos coisas práticas, acessíveis às pessoas (não só a cientistas e técnicos "consagrados"), não me lembro de ter visto em Cachoeiro e sei lá mais aonde, se discutir, na redação das leis ambientais, coisas práticas como - "o que vai acontecer de real se continuarmos com essas leis de fantasia que os donos do poder nos afligem".

Numa das minhas brigas, aqui no jornal, na tribuna da Câmara Municipal de Cachoeiro e, eventualmente, em ações judiciais minhas, sempre ao lado do Ministério Público - e como cidadão e advogado - me lembro de ter ajudado a derrubar aquele PDM que tínhamos, cheio de favores aos poderosos e contra a sociedade e cidadania cachoeirense.

Ocorre que, desde aqueles antigos tempos, daquela vitória na Justiça, a lei do PDM não foi modificada e atualizada como deveria.

Anos e anos já se passaram e lá pelas bandas do poder municipal muito se discute e quase nada se faz. A atualização do antigo PDM vem se fazendo a passos de cágado, e continua valendo aquele troço antigo. Sorte nossa é que o Superior Tribunal de Justiça não tem aberto mão da aplicação da lei federal nos municípios, quando se trata de normas ambientais e, principalmente, de normas de proteção aos rios e à natureza - proteção ao cidadão, ao fim e ao cabo. Do mesmo lado - lado do bem - o Ministério Público.

Pois bem, eu nada falaria ou escreveria sobre o que relatei acima, vez que poderia ser pura perda de tempo, embora não seja e a qualquer hora eu volto. Mas concluo dizendo que vi, lá na prefeitura de Castelo, algo que nunca vira em lugar algum, quando se trata ou se tratava de meio-ambiente.

Pela primeira vez vejo convocação oficial municipal para discutir com a sociedade

coisa prática.

Veja isso. O leitor se lembra de alguma vez, em algum tempo, ser convocado para discutir?  (coloco em letras maiúsculas e grifado, para ficar bem claro):

- O MUNICÍPIO DE CASTELO CONVOCA A POPULAÇÃO PARA PARTICIPAR DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O TEMA "DIMINUIÇÃO DOS IMPACTOS DAS ENCHENTES EM CASTELO".

Seja sincero com você mesmo: - Alguma vez você já viu isso, tão direto assim?

Eu nunca vi.

Isso permite ao cidadão, mesmo o mais simples, ser direto e questionar qualquer medida que se queira implantar na lei municipal, como construir às margens do Rio, esquecendo das enchentes que estão aumentando cada vez mais; ou construir sem cuidado ou segurança, nos morros.

Agora, em vez de ouvir o blá-blá-blá das autoridades eleitas (ou de quem as represente), como a tal de "cidade inteligente" e outras bobagens nada práticas, a resposta terá que vir mais concreta, quando o cidadão, comum que seja, se levantar e perguntar:

- Mas isso não aumentará e/ou facilitará o impacto das enchentes em nossa cidade? E seriam mais perguntas, mas deixo-as para meditação do leitor.

Fica aí a reflexão, cachoeirense. Vamos ver o que acontecerá em Castelo.

 

Fala, Luiz Trevisan

- Um dos grandes tremores por lá (no Chile), 8,4 na escala Richter, em 2015, derrubou quase nada e isso é coisa de sociedade prudente e organizada. /// - Quando a comunidade se dá conta, o arraso está feito. /// - ... não ostentar é a alma do negócio. /// - A rigor, há dois bons caminhos para os jovens brasileiros formados atualmente: o aeroporto internacional ou um concurso público, isso ao menos até que não privatizem tudo. /// - Navegar é preciso, embora o português Sardinha, primeiro bispo do Brasil, tenha naufragado e sido devorado pelos índios Caetés, em 1556. / - "Você é o famoso..." - e faz um pequeno intervalo, para arrematar "... famoso quem?"/// - Nem todos conseguem a intensa dramaticidade de um último relato consciente. /// - Enquanto você discorre sobre seu ponto de vista, eles simplesmente não escutam, pois andam em meio às próprias elucrubações./// - Lição do Maestro Villa-Lobos: "Ligue o ouvido de dentro, ignore o externo". /// - Uma boa conversa, de preferência olho no olho, sempre pode evitar muita coisa ruim. /// - Erguer estátuas é também correr risco de vê-las, por circunstâncias, sendo postas abaixo, ignorados ou remanejadas. /// - Das 50 localidades mais violentas do mundo, 19 são brasileiras. /// - A alta concentração de renda, a baixa escolaridade, corrupção sistêmica e a anacrônica política de combate às drogas criam um ciclo sinistro difícil de romper. /// - O mundo da fé e dos negócios por vezes se assemelha à produção de linguiças e embutidos./// - No intrincado mundo dos negócios, os inocentes, os sem ambição e politicamente corretos não vão muito longe. /// - A realidade financeira e imobiliária falou acima da própria memória afetiva dos cachoeirenses. ... Época em que quase ninguém liga para a memória arquitetônica e patrimonial. /// - Pense bem aonde ir, com quem vai e como você ficará hospedado. /// - Flaubert dizia que não era exatamente uma grande história que fazia um grande livro, mas sim o modo de contá-la./// - Mãe é quem cria. /// - Eu nunca soube se ele (Aldir Blanc) estava chegando ou partindo. Pensando bem, ultimamente, como nunca antes, andamos todos sem ter certeza de chegar ou partir. /// - Dizem que a cada ano novo a gente desconstrói e esquece aquilo que foi feito no ano passado. /// - Há uma observação lapidar da escritora Fernanda Young: "Artistas não precisam ter talento para arte, bastam ser famosos. Políticos não precisam ser honestos, bastam ser populares. Opiniões não precisam ser interessantes, bastam ser corretas". /// - Ninguém ergue impérios seguindo manual de boas maneiras. /// - Propagandas - As institucionais têm o poder de transformar qualquer vanguarda do atraso em prosperidade pujante./// - Sabe como é: em tempos de crise, cultura vira descartável. /// - Café Mourads, em Cachoeiro, a chamada boca maldita da cidade... é a terra do Rei, do sabiá da crônica e... /// - Aplicou a receita amarga toda de uma vez, tal como receitou Maquiavel. /// - Pios do Coelho: ... de pios para abater caça, viraram instrumentos de harmonização com a natureza. /// - Quando a lenda supera os fatos, imprima-se a lenda. /// - A China é mesmo comunista ou apenas um híbrido do capitalismo que deu certo? /// - Desde então, venho evitando as sacolas de supermercados - copos e canudos eu ainda não sei como fazer. /// - Ouvir um disco de Jobim olhando o mar e a floresta resume o encanto, mesmo que não explique o mundo.

(As frases selecionadas e publicadas aqui são do ótimo e recente livro de crônicas do castelo/cachoeirense Luiz Trevisan, o "Resumo da Balada", que deve ser lançado em breve em Cachoeiro, no...).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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