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Libardi também ganhou

Surge como o herdeiro que o ferracismo nunca conseguiu produzir. E, jovem, agrega parcela do eleitorado inacessível a Ferraço


Não é apenas quem se elege que vence uma eleição. Para perceber quem ganha ou perde, é preciso analisar em que trecho da jornada o candidato está e qual horizonte se descortina.

Na eleição de Cachoeiro, por exemplo, o vencedor absoluto foi o prefeito reeleito Victor Coelho (PSB). Se firmou como a principal liderança de um município carente de líderes. Entretanto,o advogado Diego Libardi (DEM) também sai grande das urnas.

Ele não era a prioridade do DEM. Basta ver a dificuldade que teve para acessar os recursos do fundo de campanha. Só conseguiu na reta final, o que atrasou a sua subida. Fez uma campanha limpa. Focada em propostas e não no ataque improdutivo. Adotou postura equilibrada que cativou o eleitorado já cansado de guerra.

Não é trivial começar a disputa como ilustre desconhecido e terminar com mais de 17 mil votos logo na primeira incursão eleitoral, com a segunda maior votação dentre 12 candidatos. E, sim, os votos são dele, por mais que o apoio do deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) tenha sido fundamental para conquistá-los. Como ambos não devem se enfrentar, fica com esse legado.

Libardi surge como o herdeiro que o ferracismo nunca conseguiu produzir. E, jovem, acessa parcela dos votantes pouco identificada com o deputado, mesmo que tenha tenha governado a cidade por quatro mandatos e realizado grandes obras. Em outras palavras, tem potencial para agregar à parte do eleitorado ferracista, os sufrágios dos mais jovens e sensíveis à sua mensagem e carisma.

No entanto, o caminho para ascensão passa por seu grupo político. O esperado seria disputar, em dois anos, a eleição para deputado estadual ou federal. Essas aspirações esbarram no que pretenderá fazer o casal Norma Ayub, deputada federal que não se elegeu em Marataízes, e Theodorico Ferraço, além do ex-senador Ricardo Ferraço.

Como já provou ser identificado e leal a esse grupo e está atrás na fila, precisará contar que dois desses três declinem de disputar vagas na Assembleia ou na Câmara Federal para poder se colocar.

Sem isso, a alternativa seria esperar até 2024 para novamente tentar a Prefeitura de Cachoeiro. Porém, o hiato entre uma eleição e outra é longo demais para alguém que precisa se manter em evidência.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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