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O drama de Laura


- Foto Reprodução Web

Em um atendimento com uma adolescente de quatorze anos, que vamos chamá-la de Laura, ela me relatou que precisou sair de casa, pois já não aguentava mais os conflitos com a mãe.

Com o passar umas três sessões de análise, ela revelou que era abusada sexualmente desde os dez anos pelo padrasto, e que não havia contado para a mãe, pois ele ameaçava fazer algo pior com ambas se ela contasse para alguém.

Laura começou a namorar e casou-se, isso mesmo, casou-se com quatorze anos de idade, foi o jeito que a adolescente achou para sair de casa, porém, cheia de planos e sonhos para seu futuro, casar não era o que ela queria. Para seu desespero como esposa, ela sentia repulso a relação sexual com seu marido.

Questionei o "porque" dela não contar para a mãe, se era apenas o medo de acontecer algo e ela me respondeu que a mãe dependia financeiramente do padrasto e jamais iria se separar dele.

Mulheres dependentes financeiras ou emocional dos seus cônjuges acabam sujeitando-se a humilhações e, por consequência, seus filhos também sofrem psicologicamente e fisicamente.  Acontece também casos de crianças e adolescentes contarem os abusos e mães ou cuidadores não darem atenção, achar que é invenção. Mas vale a pena investigar, pois o estrago psicológico que isso causa neles é de uma proporção grande que pode interferir no seu futuro com mulher/homem.

Muitas vezes a criança ou adolescente não relata o episódio de abuso, por não compreender ou por medo, mas alguns sinais podem ser percebidos de forma involuntária, o isolamento e medo de ficar sozinhos com esse abusador é um desses sinais. Em casos onde há suspeita ou certeza, não hesite. Disque 100 ou acesse o Aplicativo "Direitos Humanos Brasil" e denuncie.

 

Pamela Gualandi

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