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Um ano diferente: 2020. Sentimentos alternantes na metade de um ano atípico


Um ano diferente: 2020. Sentimentos alternantes na metade de um ano atípico: angústia, medo, esperança... Lembro bem, desde os meus sete anos de idade, cada instante de vida passada. Lembro-me da formatura no Grupo Escolar, do Ginasial e Técnico; lembro-me da Faculdade e toda dificuldade de um início de vida adulta. Nada se compara aos tempos atuais. Algo diferente em nós e nos outros: nos olhares... (o uso obrigatório da máscara, não deixa ver o restante das manifestações faciais). Bem verdade que, apesar do distanciamento físico, nas mensagens eletrônicas, nos aproximamos mais. Afinal, somos todos vulneráveis, apesar de riscos diferentes. No Brasil, desde março, com a calamidade pública e o Covid-19, o noticiário televisivo noturno assusta. Procuro filmes, vídeos, literatura geral e música. Os vídeos de viagens pelo Brasil e o mundo me atraem. Cidades que já visitei; outras que desejaria ter conhecido e as que nunca visitarei me seduzem. Nos vídeos do YouTube desvendo gastronomias, arquiteturas, belezas naturais, histórias culturais de vários povos dos muitos continentes. Nas noites do distanciamento social, tal qual Sherazade venceu a morte com os contos das Mil e Uma Noites, nos vídeos das cidades, praias, montanhas, lagos, pirâmides e pessoas, venço as minhas angústias, enquanto o clarão do dia não se anuncia acima do rio Itapemirim, Frade e a Freira e o Pico do Itabira.

Nesses quatro meses, fim de verão e inicio do inverno, viajei nas várias noites cachoeirenses. Visitei Jerusalém, me banhei no rio Jordão, escalei os Montes de Sião e a Montanha dos Sermões. Terminei no Santo Sepulcro. De Israel fui ao centro de Paris e aos jardins de Versalhes. Atravessei o Atlântico e me detive em frente à Estátua da Liberdade. Retornei a Europa e esquiei nas montanhas dos Alpes Suíços e me alegrei com os tetos das casas dos seus vilarejos e na Alemanha me encantei com as figuras folclóricas em meio aos raios solares da Floresta Negra. Nas noites de abril, visitei a América do Sul: revi a Catedral de Lima; as esculturas de Botero em Bogotá e Medellin; sentei ao lado das águas caribenhas de Cartagena e reli os textos do realismo mágico e fantástico de Gabriel Garcia Marquez. Em fim de abril voltei a Cusco e me deslumbrei com Machu Picchu; caminhei pelos parques e bosques de Palermo em Buenos Aires. Por fim, mergulhei nas águas mornas das praias do nordeste brasileiro. Nas noites de maio, enquanto pensava nos contos de Sherazade, que entretinha o Sultão e evitava a morte ao amanhecer, conheci o Irã e me surpreendi com a riqueza de sua cultura persa; no Iraque, junto ao rio Eufrates, localizei os Jardins Suspensos da Babilônia. Revi Istambu e os balões coloridos da Capadócia. No último fim de semana de maio, conheci Malta: um país arquipélago. No mar mediterrâneo, entre a Sicilia e o norte da África. Uma cultura acumulada dos povos fenícios persas, gregos, romanos... Uma beleza que se acentuou com a chegada dos Cavaleiros da Ordem de São João (Hospitalários), contemporâneos dos Templários nas Cruzadas em Jerusalém, uma Ordem Cristã que passou a se chamar Cavaleiros de Malta.

 

Sergio Damião Sant´Anna Moraes

 


Sergio Damião Médico e cronista

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