O céu com estrelas
Mas se digo: não és minha...
Mas se digo: não és minha...
tu és tua!
das luas nuas no tronco frondoso da laranjeira fresca na manhã incerta
dos frutos maduros de perfume próspero despertando a alfazema branca que emana da planta.
deixando aroma nas mãos miúdas e delgadas
da renda tecida pelas flores diminutas
nas folhas tremulas de olhos de vidro verde assentados nos galhos
não! tu não és minha nem a beleza que amo, regalo da natureza generosa que se engendra.
és das rosas
hortênsias...de cada laranja
do sumo que se esvai no talho
da açucena do corpo fino da mulher subtil na varanda sob árvore que se agita
e não sendo minha em infinita ciência, sou teu, mesmo na tua ausência.
nem teu universo jamais será...plenamente
do poeta ordinário
senão da matéria dos poemas
e o fardo de ricos versos que redijo
redimindo o pecado confesso do beijo impossível
sem avisar lábios!
e surpreende-los com tamanha água
feito fonte imensa
entre luz e fluido
que molhará a via láctea ...lentamente
e o céu com estrelas.
********
Bebo um amor...
leve
fino como vinho
desatino sem explicação
feito ao acaso
longo e oblíquo
que se bebido embriaga
acumulado no peito
como ânsia da boca que pede o beijo.
líquido
rico de primavera
carregando consigo brilho do sol no céu
e multiplica-se
esperando ser bebido
com gosto de mel da pele tua
na taça cheia de ondas
tranquilas