O céu com estrelas - Jornal Fato
Artigos

O céu com estrelas

Mas se digo: não és minha...


Mas se digo: não és minha...

tu és tua!

das luas nuas no tronco frondoso da laranjeira fresca na manhã incerta

dos frutos maduros de perfume próspero despertando a alfazema branca que emana da planta.

deixando aroma nas mãos miúdas e delgadas

da renda tecida pelas flores diminutas

nas folhas tremulas de olhos de vidro verde assentados nos galhos

não! tu não és minha nem a beleza que amo, regalo da natureza generosa que se engendra.

és das rosas

hortênsias...de cada laranja

do sumo que se esvai no talho

da açucena do corpo fino da mulher subtil na varanda sob árvore que se agita

e não sendo minha em infinita ciência, sou teu, mesmo na tua ausência.

nem teu universo jamais será...plenamente

do poeta ordinário

senão da matéria dos poemas

e o fardo de ricos versos que redijo

redimindo o pecado confesso do beijo impossível

sem avisar lábios!

e surpreende-los com tamanha água

feito fonte imensa

entre luz e fluido

que molhará a via láctea ...lentamente

e o céu com estrelas.

 

********

Bebo um amor...

leve

fino como vinho

desatino sem explicação

feito ao acaso

longo e oblíquo

que se bebido embriaga

acumulado no peito

como ânsia da boca que pede o beijo.

líquido

rico de primavera

carregando consigo brilho do sol no céu

e multiplica-se

esperando ser bebido

com gosto de mel da pele tua

na taça cheia de ondas

tranquilas


Giuseppe D'Etorres Advogado

Comentários