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Tá faltando técnica

O prefeito Victor, se quiser vencer a eleição, precisa se organizar didaticamente na divulgação de suas obras


- Foto Reprodução/Instagram

Com ou sem razão, escrevi aqui que, a partir de agora, a campanha eleitoral começou a descer ao nível do que - promete! - será o tom durante o ano.  Ou seja: nível baixo, sobretudo porque se dispõe de tecnologia impressionantemente sofisticada e políticos a serem aniquilados. E mais: o prefeito Victor pretende fazer uma sucessora, Lorena Vasques.  Muita gente não absorveu ainda a ideia de que uma mulher pode ser prefeita de Cachoeiro.  Não vou aprofundar nesses detalhes, porque já o fiz. E é tedioso dizer as mesmas coisas.  Sobretudo porque envolve preconceito e estou sem paciência para discutir isso aqui.

O que é óbvio e precisa ser dito: o prefeito Victor, se quiser vencer a eleição, precisa se organizar didaticamente na divulgação de suas obras. São muitas demandas e fica uma sensação de que uma série de obras ainda não foi concluída. Esse erro de divulgação venho apontando há muito tempo. É como a Secretaria de Imprensa tivesse encolhido. Isso vem dizendo desde o início de seu governo.

Ora, veja bem, o prefeito Victor empunha como grande obra de seu governo a macrodrenagem que, ao que me parece, está chegando ao fim. Realmente tem razão.  Mas a administração é um todo. E, irremediavelmente, tal obra fica escondida debaixo da terra.  Alguém, de sua assessoria, precisa compactar o grande volume de obras que está solta nos bairros. E não o fizeram. Ficam esquecidas. Precisa de volume.

Não me esqueço de um diálogo que tive, no passado, com Gilson Carone - era seu Secretário de Gabinete - quando ele enfatizou: "Cachoeiro precisa caminhar, em termos de obra, da periferia para o centro".  É uma verdade que Victor percebeu e colocou em prática, mas a divulgação é falha. Não é compacta. Se perde no esquecimento.  É como se o conceito houvesse sido combalido e debilitado.

Pergunta um leitor: tantas obras, mas quando vão cuidar dos buracos e da iluminação pública. Por isso, volto a dizer, é uma divulgação que carece, há muito tempo, de uma técnica que chegue ao conhecimento da comunidade com um todo. O recado não é transmitido.

Não adianta só mostrar a competência e disposição da secretária Lorena que, muitas vezes, passa fiscalizando as obras três horas da manhã. Eu mesmo já assisti a esse quadro. A divulgação tem que chegar de forma didática ao eleitor e à comunidade.  Victor, adequadamente, fez uma reformulação no seu secretariado, mas precisa armar o time de forma mais competente, jogando por música.  Não falta obra pra mostrar e apregoar.

Ferraço, por exemplo, não precisou de tanta competência na divulgação. As obras falavam por si. A Beira Rio é um exemplo, assim como a retirada dos trilhos do Guandu. E olha que, à época, enfrentava uma oposição ferrenha, com Valadão, Hélio Carlos e Gilson Carone. Mas vivemos tempos da internet.

Não há necessidade de uma exposição mais clara ou densa. Basta que se leia ou se reflita. Há poucos dias atrás, rapidamente, me mostraram uma Fake News, de quinta categoria, com a imitação da voz do prefeito Victor, expondo, ironicamente, suas obras e os prazos do término delas.  Brincadeira de criança, mas criança prenhe de maldade.  Se for essa a tônica da oposição, perde a eleição.  Melhor resposta: uma chance enorme para replicar exibindo as obras, num contraponto altamente didático. A oposição, com isso, paradoxalmente, cria do mote da campanha de Lorena.

Essa é a sorte do prefeito Victor:  ele possui uma oposição raivosa e despreparada.  Sobretudo arrogante, o que dá para amortecer no peito mostrando, didaticamente, as obras realizadas. Mas isso não tem sido feito de forma técnica ou competente.  Tal circunstância exige rapidez.  Quero dizer que a oposição está chamando Victor pra briga, paradoxalmente, no campo dele. Basta que se tenha competência para diluir os assaques e dominar a bola e ajeitá-la no gol adversário.


Wilson Marcio Depes Advogado Escritor e jornalista

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