Voltando ao artesanato do Mármore e do Granito - Jornal Fato
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Voltando ao artesanato do Mármore e do Granito

No ano passado, mesmo mês de maio, quando eu era Vereador, fiz pronunciamento na Câmara de Vereadores


No ano passado, mesmo mês de maio, quando eu era Vereador, fiz pronunciamento na Câmara de Vereadores, ocasião em que fiz comentários, que resumo e acresço aqui: - Cachoeiro é terra do mármore e do granito - a capital, e, mesmo assim, tem pouquíssimos artesãos na área; que me lembre e conheça, não chegam a cinco; poderiam ser trezentos ou mais. Há algo errado em nossa terra. Há artesãos não aproveitados e não se ensina essa arte tão importante para a região.

Já em Venda Nova do Imigrante, aqui do lado, terra não tão premiada com mármore e granito em suas entranhas, lá tem Escola para os artesãos... do mármore e do granito, inclusive premiada pelo SEBRAE. E nós, nada. Fico envergonhado, disse na Câmara. E posso dizer que a premiação da Escola de Venda Nova é merecida; fui "ver in loco, no local", como dizia velho amigo político sem diploma, mas eficiente na forma de agir, ao contrário de certos diplomados.

Sabem o que descobri na visita a Venda Nova? Que a escola premiada vinha a Cachoeiro pegar restos de mármore e granito nas indústrias de Cachoeiro, uma em especial, que a atendia muito bem. Esse material, que iria para o lixo, é reciclado em Venda Nova e usado em bens culturais/artísticos, que passam a ter valor econômico, além de alegrarem o artista. Quem é artista, inclusive o que está no poder, sabe do que falo.

Em Cachoeiro, falei tudo isso no começo da administração atual (2016) e nada. NADA.

No decorrer de minha vida em Cachoeiro, põe mais que 50 anos nisso, sempre vi que industriais do mármore e do granito estão sempre à disposição de quem os procure para tal, mas não fazem muita questão de que isso seja divulgado. Tem uma indústria do setor de mármore e granito, da qual me sirvo para adquirir gratuitamente pequenas pedras que servem para pinturas artesanais e artísticas que - parece - até zangaria se eu colocasse o nome dela aqui, tamanha a simplicidade da empresa, mas que presta inestimáveis serviços à terra: - contrata empregados, paga salário superior a média, e limpa um pouco a natureza, ao transferir para o artesão pedras que iriam para o lixo.

De outro lado, meu coração se enche de raiva quando vejo dois artistas do mármore serem escorraçados de Cachoeiro - refiro-me a Valdieri Martin e à Ângela Borelli que deram vida e saúde por nossa terra e foram tremendamente desrespeitados e esquecidos - não sei qual das duas palavras é pior.

A propósito, em 04 de abril de 1998 - há mais de 23 anos - escrevi e repito:

- "O que não aceito é que, na nossa cidade, ao lado desse vai-e-vem econômico, o artesanato de mármore e granito não vá e nem venha.  O artesanato, face prática da Cultura, anverso da economia, quase não aparece entre nós. Quem lê História sabe que isso é catastrófico, pois no mundo civilizado não houve e nem haverá economia importante que não se sustente na arte e nem arte forte que sobreviva no caos econômico.

Dentro da solidão de iniciativas culturais no ambiente do mármore e granito não poderíamos deixar se transformar em pó o sonho do Prof. Valdieri Martin e da Prof.ª Ângela Borelli, na extinta Fundação Pró-Arte de Cachoeiro. É importante que ela volte a funcionar, formando, como queriam Valdieri e Ângela, e como, certamente, querem o empresariado de Cachoeiro, dezenas e dezenas de artesãos do mármore e granito. Para virar de vez a face ruim da nossa economia e balançar definitivamente o coreto da arte. (Para quem não sabe: Fundação Pró-Arte era instituição que formava artesãos do mármore e do granito em Cachoeiro e quase nada custava à Prefeitura - talvez seja por isso). 

 


 


 

(Ilustram a página, pinturas em granito da Ilha do Meirelles e respectiva ponte (obra do artesão Leo Sodré)).

 

Frases de Isabel Allende

- Trato de encontrar um bom substantivo que substitua três adjetivos. Procuro frases mais diretas.

- Os anos tornam as pessoas flexíveis.

- Tudo o que fazemos acarreta consequências, se não imediatas, a longo prazo. E tudo se paga, o bem e o mal que fizemos.

 - As pessoas que não mudam me causam medo, ainda mais aquelas que não se importam com as consequências.

- Não há nada pior do que o poder associado à impunidade. As pessoas fazem horrores quando têm poder e impunidade.

- Quando perguntam o que mais temo, sempre respondo: o poder com impunidade.  Porque as coisas que somos capazes de fazer são brutais. Brutais.

- Escrevo porque á a única coisa que sei fazer, porque gosto de contar histórias e porque assim posso ganhar a vida.

- Ao contrário dos homens, que só pensam no objetivo, nós mulheres tendemos aos rituais e procedimentos.

- As orgias sempre existiram, graças a Deus, inclusive na época da Inquisição ou dos puritanos.

- Ah, o vício das palavras... Depois de escaparem da boca não podemos mais recolhê-las.

- Andrea, uma amiga da Califórnia, sereia roliça, bela e sempre de bom humor, diz que esfolar lulas é uma experiência sensual. Deve ser, para quem gosta de manusear cadáveres escorregadios.

- O queijo é leite com bactérias. O resto é ilusão.

(Trechos de entrevista à Revista Livros, outubro/2005 e do livro "Afrodite". Isabel Allende é importante escritora chilena - boas lições de como escrever com qualidade).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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