Luto em Cachoeiro: Morre juíza aposentada Marília Mignone - Jornal Fato
Cachoeiro

Luto em Cachoeiro: Morre juíza aposentada Marília Mignone

O velório será nesta segunda-feira (8), à partir das 8h. O sepultamento acontecerá às 14h, no Cachoeiro Cemitério Park, no bairro IBC.


Cachoeiro de Itapemirim amanheceu neste domingo (07) com a triste notícia do falecimento da juíza aposentada, Marília Villela de Medeiros Mignone, figura marcante no município. A magistrada faleceu no Hospital Unimed, onde estava internada há cerca de dois meses. Ela enfrentava complicações decorrentes da Covid-19 que contraiu há três anos.

 

O falecimento foi confirmado por seu irmão Paulo Medeiros, em uma mensagem emocionante. "Minha irmã Marília se foi, depois de uma longa fase de doença. Embora o desenlace fosse esperado, sempre doí, e muito, quando acontece. Pensando em termos do poema Ilusões da Vida, do Francisco Otaviano, Marília não passou pela vida em brancas nuvens. Ao contrário, viveu intensamente e deixou marcada a sua passagem. Descanse em paz, minha irmã".

 

Paulo Medeiros descreve como foi a trajetória de sua irmã. Marília Villela de Medeiros Mignone fez o curso primário na Escola Americana e o ginásio e o Cientítico no Liceu. Foi uma das balizas, na sua formação inicial. Dadas as condições financeiras da família, buscou trabalho ainda jovem e tornou-se locutora da Rádio Cachoeiro. Mais tarde, fez concurso de postalista e trabalhou nos Correios.

Já casada e com filhos, iniciou o curso de Direito na Universidade Federal do Espírito Santo, estudando por conta própria durante a semana e indo à Vitória para aulas presenciais, aos sábados. Formada, aprovada na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), iniciou a luta para se impor na advocacia, tarefa difícil.

Com escritório em casa, procurou encontrar seus primeiros clientes, e se colocou à disposição aos juízes para atuar na advocacia gratuita, num tempo em que não havia a Defensoria Pública e os juízes designavam advogados para atender pessoas que não podiam pagar.

"Lembro-me de falar que, de início, contou com a ajuda de um doutor, que se dispôs a revisar suas petições. Pouco a pouco foi construindo a sua clientela e, finalmente, pôde montar o seu escritório", relembra o irmão de Marília.

Anos depois, fez concurso para Juiz de Direito, sendo designada para a comarca da cidade de Pedro Canário, no Norte do Estado. "Veio buscando Cachoeiro, passando de comarca em comarca, e me lembro que por muitos anos foi juíza em Muqui. Depois de transferida para Cachoeiro não mais quis sair de sua terra", completa o irmão.

Na juventude, tornou-se Congregada Mariana, a que se dedicou, como era de sua natureza. Muito depois, após falecimento de sua mãe, torna-se espírita, estuda a fundo a doutrina, e dado o seu preparo intelectual tornou-se palestrante em muitas Casas.

A convite de Joacyr Pinto, o Joa, passou a escrever crônicas para a Revista Sete Dias, que ele criara. Teve grande sucesso com seus textos leves, com reminiscências de sua juventude e tempos que se seguiram. Verdadeiros registros históricos de Cachoeiro.

À medida que as crônicas foram se acumulando, teve a ideia de enfeixá-las em livro, cujos lançamentos sempre foram eventos de sucesso. Ao primeiro, as Histórias que eu Vivi, publicado em 2001, seguiram-se outros sete, um deles de contos.

Era membro da Academia Cachoeirense de Letras e da Academia Feminina Espírito-santense de Letras. Recebeu inúmeras homenagens da Prefeitura e da Câmara Municipal, sendo escolhida Cachoeirense Presente de 2002.

Tinha boa voz, gostava de cantar, e se tornou uma das integrantes do Coral Canto Livre, regido pela Fernanda Merchid Martins Moreira. Foi por um tempo presidente do coral e se virava para obter doações para que fossem realizadas as diversas edições anuais do Encontro de Corais, na Catedral de São Pedro, com a participação de corais de cidades de nosso Estado e até do Rio de Janeiro.

Marília Villela de Medeiros Mignone também foi professora e diretora da Faculdade de Direito de Cachoeiro.

Filha de Dirceu Alves de Medeiros e de Inaiá Villela de Medeiros, Marília foi casada com Mauro Mignone (Bau), com quem teve os filhos Marcelo e Luciane, e depois com Pedro Bernardino. Com o tempo, a família cresceu com a chegada dos netos Felipe, Roberta, Afonso e Victor e do bisneto Lucca, seu xodó.

O velório será nesta segunda-feira (8), à partir das 8h. O sepultamento acontecerá às 14h, no Cachoeiro Cemitério Park, no bairro IBC.

 

Comentários