Mais de um século de boas lembranças - Jornal Fato
Cultura

Mais de um século de boas lembranças

Mãe do escritor e jornalista Roberto A. L. Barros, Madalena Machado Leal de Barros, de 102 anos de idade, conclui terceiro volume de livro de memórias


- Divulgação

Tendo na matriarca um exemplo da máxima expressão da longevidade humana, a família do escritor e jornalista local Roberto A. L. Barros prepara uma celebração mais do que especial neste fim de semana.

Trata-se do aniversário de 102 anos de Madalena Machado Leal de Barros. Descendente de portugueses da Ilha da Madeira, ela nasceu em 1921, no interior de Muqui, e já vive há aproximadamente meio século em Cachoeiro de Itapemirim.

História que já rende três livros de memórias. A terceira obra, intitulada "Retalhos do meu tempo", já está na gráfica e deve ficar pronta no fim do mês. O responsável pela edição é o filho escritor. "É no mesmo sistema que Jô Soares e Camilo Cola fizeram. Gravamos e transcrevo na íntegra, com narrativa em primeira pessoa. Ela que está contando a história, não interfiro", explica Roberto.

Independente, dona Madalena mora com a filha, Laercia, em ampla casa no bairro BNH, e apresenta invejável vitalidade. Passa o tempo - como não poderia ser diferente - de forma leve, dedicando-se aos seus hobbies: costurar, dar comida aos passarinhos, cuidar das plantas no quintal, além de prosas com amigos e parentes, assim como banho de sol.

A centenária também não abre mão dos passeios, que remontam à infância e juventude, em meio ao bucolismo da zonal rural de Muqui, onde visita parentes e cultiva legião de amigos, a maior parte bem mais jovem, claro, nas localidades de São Luiz, Verdade, Cravo, Bom Viver...

Sobre o segredo da longevidade, Roberto faz um pouco de mistério. "Essa pergunta sempre é feita, muita gente curiosa sobre isso, no volume três o tema é abordado no Posfácio", diz.

O escritor revela, porém, o caso de duas primas de dona Madalena que viveram até 105 e 107 anos. Segundo ele, há ainda em Cachoeiro outra prima da autora que é dois meses mais velha, e também está muito bem. Inclusive, elas se frequentam. Dona Madalena, em março, foi ao aniversário de 102 anos da prima contemporânea.

 

Passatempo

A ideia dos livros de memórias surgiu em julho de 2019 e, no período de pandemia, ficou como forma de um passatempo para dona Madalena. Os dois primeiros foram lançados quase de forma concomitante, em janeiro e dezembro de 2021.

Na época não foi divulgado por conta das medidas de contenção à covid-19. Mas A. L. Barros esclarece que não há objetivo comercial com a obra. "Cerca de 50% da módica tiragem fica para a autora, para ela presentear quem quiser. O restante é vendido para os muitos primos, amigos e demais interessados, para custear a impressão", explica.

Cada livro é dividido em três partes: Tempos Antigos (vida de solteira, desde a infância ao casamento); Tempos Modernos (noivado, casamento, fase anterior à residência em Cachoeiro); Memórias Contemporâneas (tempo atual, últimos 50 anos). No terceiro livro, prestes a ser lançado, ainda há uma parte dedicada às receitas da centenária.

E quem sabe não vem mais um volume daqui a algum tempo. Histórias e alegria de vida dona Madalena têm de sobra...

 

por Marcos Leão

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