Na era digital, bibliotecas salvaguardam conhecimento - Jornal Fato
Cultura

Na era digital, bibliotecas salvaguardam conhecimento

Mesmo com avanço da tecnologia, espaços físicos preservam acervo sendo referência para pesquisas e estímulo ao hábito da leitura


É indiscutível o fato de que a era digital mudou completamente a nossa forma de acessar a informação. Desde a simples leitura de um jornal até as pesquisas acadêmicas mais aprofundadas foram completamente modificadas graças à velocidade, disponibilidade, capacidade de armazenamento e acessibilidade que a internet proporciona. Mas não podemos ignorar a função que as bibliotecas sempre tiveram e continuam tendo para a preservação, organização e disseminação das informações e também para a construção do conhecimento, mesmo na era digital.

Funcionária de carreira da Assembleia Legislativa (Ales) desde 2012, Wanessa Santos Lodi é uma das responsáveis pela organização e preservação do acervo da Biblioteca Senador João Calmon, situada no andar térreo do prédio do Legislativo estadual. A bibliotecária não acredita que a era digital vá acabar de vez com o uso dos livros impressos. A servidora diferencia os tipos de leitura de acordo com o que a pessoa está buscando.

Mulher aparece de costas sentada e livros sobre a mesa

Biblioteca Senador João Calmon, da Assembleia Legislativa, conta com vasto acervo / Foto: Tonico

"Na minha opinião essa mudança não vai anular o livro impresso. Quem está fazendo uma leitura técnica, normalmente vai procurar em sites mesmo, até porque publica-se mais rápido em periódicos que não são impressos, a publicação do conhecimento é muito mais rápida do que em um livro, além de custar menos. Mas especialmente quem gosta de literatura, prefere o livro, ainda prefere pegar no papel, utilizar o marcador", opina.


Lodi alerta, ainda, para os malefícios causados pelo excesso do uso de telas, seja em celulares, tablets ou monitores. "Fora o fato de que faz mal para as vistas você ficar o tempo todo na tela, a gente já fica tanto tempo no celular e aí você quando vai ler por lazer, por prazer, não cabe tela. Muita gente faz isso quando vai deitar, por exemplo, para chamar o sono", explica a bibliotecária.

Biblioteca João Calmon
 


Com um acervo de mais de 11 mil exemplares, a Biblioteca Senador João Calmon é importante para a preservação da memória do Parlamento do estado, além de servir como um espaço de pesquisa para o público geral, oferecendo um ambiente propício, com obras voltadas especialmente para as áreas jurídica, econômica, política, além de contar com peças literárias e biográficas.

O acervo conta ainda com todas as edições do Diário do Poder Legislativo (DPL) desde 1990 até 2017, quando a edição deixou de ser impressa e passou a ser publicada de forma digital. A biblioteca também tem um espaço voltado para as mulheres do nosso estado. O Banco de Dados da Mulher Capixaba conta com obras de autoras ou dedicadas a mulheres capixabas.


Além de livros, a biblioteca conta com mapas, monografias, normas técnicas, revistas, teses, apostilas, atlas, obras em braile, catálogos, dicionários, dissertações, DVDs, enciclopédias, glossários, fotografias, entre outros itens. Mais da metade do acervo é fruto de doações. A última compra de exemplares para o acervo ocorreu no ano de 2015.

Consultas e empréstimos
 


Os visitantes da biblioteca podem consultar as obras no ambiente disponibilizado para leitura e estudo. Já os funcionários da Casa podem levar para casa os livros que estão disponíveis para empréstimo. Em 2019, que foi o último ano sem a interferência da pandemia, foram realizados 208 empréstimos de livros e a biblioteca registrou mais de 6 mil atendimentos, juntando público interno e externo.

Leia o filme

Um acervo que é bastante procurado na biblioteca é dedicado a obras literárias que se tornaram filme. No espaço "Leia o Filme", os livros são acompanhados de sinopses escritas pelos bibliotecários da Assembleia Legislativa (Ales). O acervo conta com títulos populares entre os leitores, como por exemplo, a obra completa da série Harry Potter, escrita pela escritora mundialmente famosa pelos livros e filmes da saga, J. K Rowling.


Livro que roda

Outro projeto desenvolvido pela biblioteca, que teve início em 2018, é o "Livro que Roda". Uma estante com diversas obras foi colocada no andar onde funcionava o restaurante da Ales. A ideia era promover a troca de livros. As pessoas poderiam pegar um título que ela tenha se interessado ou deixar um livro que já tenha lido e queira passar à frente. Com a desativação do restaurante o local acabou sendo visitado com pouca frequência e agora a coordenação estuda um novo local para levar o projeto à diante.

Organização da Informação

Para facilitar o acesso ao acervo da biblioteca, a especialista explica que é fundamental que seja realizada de forma correta a organização da informação. "Organização no sentido de você saber guardar para facilitar a procura. Você não tem que deter todo o conhecimento, você tem que saber onde encontrá-lo e como encontrá-lo. Por isso, a ideia de organizar a informação é possibilitar o encontro dela da melhor forma possível, da forma mais rápida e fácil possível", explica.    

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