A dançarina Luz del Fuego (1917-1967) foi merecedora de uma série de homenagens neste mês de março.  A programação promovida pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult), abordou temas como o empoderamento da figura feminina na sociedade brasileira e o respeito à natureza, causas defendidas por Dora Vivacqua (nome de batismo de Luz).

O ponto mais alto foi a inauguração do painel artístico "Luz del Fuego", no muro em frente ao Ciac. Fruto de projeto contemplado pela Lei Rubem Braga (de incentivo à cultura no município), o mural em homenagem à Dora é de autoria do artista visual Rudson Costa.

A pintura traz à tona elementos naturais de Cachoeiro, com destaque para a personalidade de Luz del Fuego, retratada como uma espécie de Mãe Natureza. Falecida há 52 anos, é considerada uma das artistas de visão mais inovadora e transgressora, "muito à frente de seu tempo". Ela faria 102 anos no último dia 23 de janeiro e já fora homenageada pela Prefeitura no seu centenário, comemorado em 2017.

A rebeldia de Dora, a 15ª filha de Etelvina e Antônio Vivacqua, filhos de imigrantes italianos com forte influência na política da região, surgiu muito cedo, com aversão às convenções sociais e às ideologias conservadoras que lhe eram impostas.

Mais tarde, foi chamada de "a bailarina do povo" ou "a mulher das cobras", já conhecida internacionalmente, tanto pela arte da dança quanto por seu ativismo cultural, ambiental e comportamental, como na luta contra a ideia de que sua nudez fosse associada à imoralidade.

Entre as demais atividades de destaque, enfrentou preconceitos e tribunais, nas lutas com base em sua filosofia de vida, escreveu livros, fundou a primeira colônia de nudismo da América Latina e lançou um partido político baseado no naturismo.