A atuação dos bombeiros militares do Espírito Santo nas buscas pelas vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale, em Brumadinho (MG), foi lembrada pela Comissão de Proteção ao Meio Ambiente. O colegiado da Assembleia Legislativa (Ales) se reuniu nesta quarta-feira (27) no Plenário Rui Barbosa.

Os oito profissionais envolvidos no trabalho foram recebidos pela comissão para relatar a experiência de resgate de vítimas e corpos soterrados pela lama que vazou da barragem com o uso de cães treinados, conhecido como procedimento K9. 

Segundo o capitão Afonso Amorim, a área devastada em Brumadinho é menor que a de Mariana (onde se rompeu uma barragem da mineradora Samarco em 2015, deixando um saldo de 19 mortos), mas a quantidade de vítimas é maior, o que intensificou ainda mais os trabalhos de resgate.

"Nossa rotina era acordar às 04h30 para definir as ações. Saíamos da base às 07h30 e até as 18h30 eram só buscas. Levamos três cães que se revezavam e eram diariamente avaliados por nossos profissionais. Fomos a única equipe que ficou lá por 15 dias consecutivos. Nesse período entramos em contato com os cidadãos diretamente afetados pela tragédia. O relato deles fez um elo com a gente", descreveu Amorim.

Cães

De acordo com o tenente-coronel Carlos Wagner Borges, o trabalho com cães de resgate foi implantado pelo Corpo de Bombeiros Militar em 2012 e se tornou referência em todo o Brasil. Atualmente, a corporação conta com dez cães, que representam um gasto anual de R$ 20 mil para os cofres do Estado.

Borges agradeceu a homenagem e aproveitou para reivindicar o repasse de recursos para a atividade com cães de resgate. "Solicitamos emendas parlamentares para serem investidas justamente nessa atividade K9, que tem baixo custo para o Estado. Já fazemos muito com os recursos que temos, se somarmos forças vamos prestar um serviço de maior qualidade à sociedade", expressou.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente apoiou a reivindicação. "Se cada deputado destinar uma parte de sua emenda à instituição, o somatório final será satisfatório. É justo e necessário que façamos isso pela categoria", apoiou o deputado Rafael Favato (Patri).  

Outro parlamentar que apoiou a solicitação foi Marcos Garcia (PV). "Também vou pedir aos deputados que coloquem essas dificuldades nas emendas". Já o Coronel Alexandre Quintino (PSL) disse que lutaria pelo reconhecimento da tropa. "Eles não ganham adicional noturno, nem periculosidade, nem insalubridade. É hora de olharmos pra isso", defendeu.

A deputada Iriny Lopes (PT) concordou. Segundo ela, bombeiros militares do Espírito Santo "estão vivendo uma situação inconstitucional referente aos direitos trabalhistas, e isso é inadmissível".

Ao final da reunião, que também teve a participação de Fabrício Gandini (PPS), os parlamentares propuseram que a Ales faça uma homenagem aos bombeiros militares, em especial à equipe dos trabalhos com cães de resgate.