Águas de março - Jornal Fato
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Águas de março

Praticamente mudo para Marataízes antes do Natal e só retorno após o Carnaval


- Foto Reprodução/Instagram

Já declarei inúmeras vezes o meu amor por Marataízes, e esse amor só cresce com o passar dos anos. Praticamente mudo para lá antes do Natal e só retorno após o Carnaval. E a volta é acompanhada por uma sensação de tristeza por deixar a casa, a varanda em que nos reunimos com familiares e amigos, a simplicidade da vida em período de férias, e a praça   cuja restauração transformou Marataízes numa cidade moderna, bonita e em ótimas condições para acolher os turistas. E sem falar da grande paixão que é o mar, a praia, a confraternização entre amigos, a água de coco, o espaço democrático em que se pode observar a união de todas as tribos, e a imensidão da orla!

E sempre retorno com gostinho de quero mais, daí invento que esqueci algum objeto, que tenho saudade do bolinho de mandioca da Lagoa do Siri, que preciso comprar peixes para a Semana Santa, e vou criando motivos para voltar. O amor é assim, nosso desejo de estar próximo ao que amamos cria situações que nos aproximam, e especialmente no mês de março, quando o mar fica mais limpo e lindo como nunca, e as pessoas postam fotos e mais fotos na praia paradisíaca, quem está de longe curtindo um calor infernal pensa, por que só eles?

O amor se amplifica quando o objeto amado se encontra distante, mas não sei se gostaria de abandonar a nossa casa de Cachoeiro, cercada de flores e frutas, hoje especialmente colhi jambos e pinhas, e não sei como viveria longe do trabalho, do voluntariado, dos grupos de convivência. E principalmente não sei a reação do meu corpo ao inverno, já que não tolero frio. E temo que o objeto de desejo se torne algo corriqueiro, sendo que perderia a capacidade de desfrutar do que nos encanta durante o verão. Muitos amigos que se mudaram para Marataízes nem vão à praia.

E despedi da estação que mais amo no mar, sem tristeza porque a água estava gelada, como se me passasse a mensagem: Vá, no ano que vem tem mais, por ora chega!  Não tenho medo da morte, mas temo perder o que a vida oferece de bom, e sempre grata ao Pai por me conceder um ano a mais à beira do mar!


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