Libardi: a renovação do ferracismo - Jornal Fato
Política

Libardi: a renovação do ferracismo

O jovem advogado Diego Libardi não pretende esconder Ferraço em uma eventual campanha em Cachoeiro, mas defender seu legado... e modernizá-lo


Libardi e Ferraço na última sexta-feira, quando foi anunciada a pré-candidatura do advogado

O deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) parece, finalmente, ter encontrado alguém para defender seu legado de peito aberto nas eleições que se aproximam, em Cachoeiro. O jovem advogado Diego Libardi, hoje superintendente do Ibama.

Dono de quatro mandatos de prefeito, desde 2004 Ferraço não consegue, mais, dar as cartas na sucessão municipal. Foram quatro derrotas, em três como apoiador e numa delas, como candidato. Entremeadas por votações consagradoras, embora decrescentes, para a Assembleia Legislativa, nas que foi sempre o mais votado no município.

Essa volatilidade eleitoral demonstra, nas derrotas, o recado das urnas que à frente da Prefeitura, sua contribuição já foi dada. Nas vitórias, o reconhecimento de sua liderança política. Isso faz dele, sempre, a primeira opção de oposição ao prefeito da vez, mas também o afasta da disputa como cabeça de chapa, após a doída derrota de 2008, única em sua carreira.

Ferraço jamais conseguiu (ou permitiu) projetar um herdeiro político. É o que o põe em situação desconfortável a cada eleição, quando se propõe, sem sucesso, a unificar a oposição em torno de um nome de consenso, que nunca chega ou é competitivo o suficiente.

A aspiração pelo novo levou a derrotas acachapantes do ferracismo nos últimos anos em Cachoeiro. seja pelo embate direto ou no apoio a candidatos que, durante a campanha, escondiam a aliança com Ferraço para evitar a rejeição ao velho.

Neste ano, as coisas se encaminhavam mais ou menos no mesmo enredo, até que o rolo compressor do governo do Estado entrou em ação, retirando do páreo o vereador Alexandre Bastos (PSB), em quem Ferraço apostava todas as suas fichas, para favorecer a provável candidatura à reeleição do prefeito Victor Coelho (PSB).  

A mudança de rota que veio a seguir o levou a lançar mão da possibilidade remotamente ensaiada antes, mas que hoje é realidade: a pré-candidatura de Libardi.

Ter um nome definido, dentro do partido, que não seja o de Theodorico, é, também, uma mudança e tanto na estratégia de campanha que já não visa mais a convergência de diversos projetos em torno de um nome, mas de uma pré-candidatura definida em busca de apoio dos demais, o que pode impedir a evasão de forças, como em pleitos anteriores.

Jovem e dinâmico, Libardi, presidente do DEM em Cachoeiro, jamais disputou uma eleição, mas já participou de várias, nos bastidores. Diferente, por exemplo, de Glauber Coelho, em 2012, ele não pretende esconder Ferraço em uma eventual campanha, mas defender seu legado adicionando, é claro, roupagem mais moderna. É, em resumo, a renovação do ferracismo. E com orgulho.

Como todos os pré-candidatos de primeira viagem, tem seus prós e contras. Comecemos pelos pontos favoráveis.

Sua juventude o credencia a acessar um eleitorado hoje não muito afável a Ferraço, aquele abaixo dos 30 anos. Além disso, parte sem a mesma rejeição potencial do veterano - seja entre o eleitorado, seja nas costuras partidárias - embora sempre possa agregar à sua plataforma a experiência dele. Encaixa-se no espectro de direita, que vem de votação expressivas nas eleições estaduais e nacionais de 2018 em Cachoeiro.

Contra ele há a incredulidade do mercado político de que sua pré-candidatura é para valer e não apenas balão de ensaio ou moeda de troca na geopolítica regional, podendo ser retirada a qualquer momento, em caso de acordo eleitoral que confira o apoio do governador a Norma Ayub, em Marataízes. Essa possibilidade é veementemente negada por um Ferraço que ainda não deglutiu a rasteira levada com a desistência de Bastos e sedento por dar o troco.

Outro empecilho é se tratar de um ilustre desconhecido, que terá cerca de 80 dias para se apresentar ao eleitorado, se viabilizar como candidato, ao mesmo tempo em que, costura alianças no bloco de oposição, monta chapa vereadores e formula o programa de governo.

Não é pouca coisa. Mas, não é impossível. Para comprovar, basta revisitar a eleição de quatro anos atrás, quando um candidato jovem, desconhecido e de primeira viagem conseguiu chapa na reta final, entrou como azarão e saiu eleito prefeito. Seu nome: Victor Coelho.

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