Tratamento de câncer não pode esperar pela vacina da Covid-19 - Jornal Fato
Saúde

Tratamento de câncer não pode esperar pela vacina da Covid-19

Com a notícia de que as primeiras doses de Oxford chegarão em dezembro, receio é que pacientes adiem cuidados oncológicos por 6 meses


Guilherme Rebello é radio-oncologista do IRV - Foto: Julia Terayama

A notícia de que o governo brasileiro firmou parceria com a Universidade de Oxford para receber em dezembro o primeiro lote de vacinas contra a Covid-19 trouxe uma nova preocupação para quem cuida de doentes crônicos: a de que pacientes adiem tratamentos como os de câncer por seis meses para não se arriscarem a pegar coronavírus. 

A questão é que independentemente do resultado final do estudo realizado no Reino Unido, o câncer é uma doença letal e não pode esperar a pandemia passar ou um novo medicamento surgir para pôr fim à Covid-19. 

"Pacientes com diagnóstico de câncer devem procurar tratamento específico o quanto antes. Quando tratado em fase inicial, maior é a chance de controle da doença. Quanto mais tempo perdemos, mais o tumor avança. Logo, esperar a pandemia passar pode trazer muito prejuízo à saúde do paciente oncológico", alerta o radio-oncologista Guilherme Rebello, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV). 

O especialista também recomenda às pessoas em processo de diagnóstico a não adiarem suas consultas, uma vez que o tratamento curativo do tumor ocorre na fase inicial da doença. 

 

Medo do desconhecido 

Para Guilherme Rebello, o fato de o coronavírus ser uma doença ainda desconhecida, mas com um impacto direto na vida das pessoas, como a necessidade do isolamento social, acaba levando muita gente a acreditar que contrair a Covid-19 é mais perigoso do que ter um tumor no corpo. 

"Mas sabemos que o câncer é uma entidade muito mais agressiva e com maior taxa de mortalidade", afirma o especialista. 

O médico frisou que pacientes oncológicos não devem suspender o tratamento durante a pandemia, sob pena de agravar o quadro de saúde e diminuir as chances de cura. 

"O mais importante é o paciente com câncer não deixar de tratar, pelo risco de a doença avançar e diminuir a chance de controle tumoral. O que deve ser feito é tomar todas as medidas de precaução contra o novo coronavírus. Na clínica sempre orientamos o uso de máscara, álcool em gel, manter o distanciamento de pelo menos 2 metros entre os outros pacientes e evitar permanecer por longo período no setor, apenas o necessário", orienta Guilherme Rebello. 

Esse cuidado é necessário, porque pessoas que tratam tumores podem ter queda na imunidade devido à doença ou por causa dos tratamentos aos quais são submetidas (quimioterapia, radioterapia, uso de corticóides, por exemplo). Dependendo do câncer, em caso de contágio pela Covid-19, o risco de complicações aumenta.

Comentários