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"Geração tecnológica"

Esta semana fui buscar minha filha na escola, entre as 17h30 e 18h00


Foto: Drauzio Varella

Esta semana fui buscar minha filha na escola, entre as 17h30 e 18h00, e pegamos um trânsito "daqueles". Parada, dentro do carro, ela foi logo pegando meu celular na bolsa e começou a jogar através de um aplicativo que eu mesma nem sabia que tinha. Quando vi, eu disse:

- Opa, vamos conversar? Me conta como foi a prova de história hoje?

Ela respondeu:

- Estou ansiosa...

Minha resposta foi:

- Filha, sua geração tem que ter muito cuidado, pois não sabe parar a mente para descansar, para ler, para orar ou, simplesmente, para olhar para o nada e contemplar a vida.

Coincidência ou providência, no mesmo dia, ao chegar em casa, comecei a estudar com ela para a prova de geografia. Um dos conteúdos falava sobre os avanços tecnológicos e foi resguardada uma página inteira para tratar, exclusivamente, dos prejuízos causados pelo uso do celular antes de dormir.

Dentre os prejuízos relatados, lembro-me da insônia, dificuldade para conseguir dormir, déficit no hormônio do crescimento, agitação, ansiedade, dificuldade de concentração, alteração de humor, distúrbios emocionais, dentre outros. No mesmo conteúdo, estudamos o quanto o celular, e afins, interferem na relação interpessoal e consegue, dentro do mesmo espaço físico, isolar as pessoas.

O interessante é que, mesmo que eu, dentro do possível, limite o uso do celular, especialmente, na hora das refeições e antes de dormir, a cada informação lida, minha filha arregalava os olhos e, de algum modo, confessava a "prática delituosa" contra si própria.

Acabamos de estudar mais ou menos às 22h00 e ela correu para pegar o celular. O quê? Eu perguntei:

- Lembra do que estudou? Pode relaxar meia hora antes de dormir, mas sem celular. Ela entendeu.

Agora, minha opinião de mãe ganhou uma motivação a mais. Não sou apenas eu a dizer, mas o livro da escola também. Isto é ótimo! Afinal, haja argumento para tentar libertar os filhos tecnológicos dos jogos on lines! Haja ânimo para educar os filhos no respeito aos valores cristãos e familiares, pois isto é um desafio cotidiano. Especialmente porque, junto ao excesso de informações e de distrações que chegam aos olhos de nossas crianças, elas estão crescendo num contexto social cheio de conflitos, de liberdades equivocadas e de desvalores.

Por sorte, minha filha aprendeu o conteúdo de geografia. Antes de ir dormir, brincou por meia hora com o primo, que estava lá em casa, acariciou o coelho, seu bichinho de estimação, olhou para mim e disse:

- Mãe, tem um monte de coisa legal que posso fazer, não preciso do celular!

Gol para mim!!! Não somente, mas, sobretudo, para o conteúdo de geografia, pois só empurrei a bola na rede.

No dia seguinte, chegou da escola e pegou o celular. Eu disse:

- Lembra da aula de ontem? Lembrou, mas ficou um tempo mais com o celular, depois largou.

Estes fatos me despertaram para meu dever de continuar treinando firme para que, todos os dias, ela perceba que o celular é bom, que é um meio, mas que não é, e não pode ser, o destino final. Isto porque, há muita coisa boa nesta vida, mas só conseguiremos ver se os olhos estiverem elevados, livres e abertos para enxergar o que está ao nosso redor.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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