A cortina abriu e o espetáculo começa - Jornal Fato
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A cortina abriu e o espetáculo começa

No caso do Juninho, houve surpresa, mas absolutamente não comoção. Talvez perplexidade.


- Foto: Marcos Leão

A história política de Cachoeiro não registra um fato tão inusitado quanto o protagonizado pelo vereador Juninho Corrêa (PL): no auge de seu mandato renunciou à política para seguir sua vocação sacerdotal - vai ser padre. Com isso, alterou profundamente o quadro sucessório municipal. Ele que era o candidato mais forte para enfrentar Lorena Vasques, escolhida pelo prefeito Victor.

Guardadas todas as proporções, lembro-me somente do trágico suicídio de Raimundo Andrade, que fora prefeito e deputado federal, com isso propiciou a eleição de seu filho José Tasso Andrade para deputado federal. Fato que abalou profundamente a opinião pública, uma vez que o corpo de Raimundo Andrade ficou exposto à visitação no Jardim de Infância, hoje Ciac.

No caso Juninho, houve surpresa, mas absolutamente não comoção. Talvez perplexidade.  Os pretendentes a ocupar sua vaga de candidato pretendem pintar tal fato com tintas fortes, obviamente para atingir o prefeito e sua candidata. Mas a correlação não faz qualquer sentido, uma vez que o vereador atendeu a uma vocação intrínseca forjada em valores morais e espirituais.

Dizendo de forma clara, tal fato não se trata de uma especulação. Propiciou uma correria entre os partidos e pseudo-candidatos. Numa linguagem bem ao gosto popular: todo mundo botou a cara na reta revelando suas ambições. Juninho, como se fez conhecido no seio da população -  o pouco que conheço, apenas de algumas conversas - não permitiria nunca que sua decisão fosse interpretada como um golpe publicitário em benefício de quem quer que seja.

Absolutamente. Merece todo o respeito. Saberá ele que Cristo é símbolo do político, isto é, do amigo do povo. Mais do que pregou, morreu pela Humanidade. Sem a cruz, não haveria o cristianismo. É importante ter ideias, mas fundamental praticá-las. É tola e ofensiva a ideia que ele poderia, num arrependimento posterior, voltar a ser candidato. Muito embora a dúvida seja o preço da imperfeição do homem e da democracia. Até Cristo duvidou, quando reclamou do alto da cruz: "Meu Pai, Meu Pai, por que me abandonaste?"

Não seria leviano, no entanto, que ele - mesmo sendo um político de direita - rejeitasse o desdobramento da apuração dos atos que propiciariam um golpe contra a democracia. Custo a crer que professasse uma ideologia que pugnasse pela ditadura ou que pretendesse violar uma Constituição construída com fundamento que o homem é o fim e não o meio.

Paralelo a isso, os fatos e suas repercussões mostram, de forma irretorquível, que, realmente, como disse anteriormente, o pleito seria disputado entre ele, Junior, e a candidata do prefeito. Repito. O curioso, no entanto, é saber quem terá condições de absorver todos os votos de Juninho, já que há um sem número de candidatos com a mesma pretensão.  Todos eles em busca, oportunistamente, "dos votos do Juninho para somar com o seus".

O ano abre as cortinas do palco histórico com essas cenas. Os políticos, pelo inusitado do ato, açodadamente, lançam seus candidatos e formulam suas estratégias. No entanto, só não posso crer que os deputados estaduais Bruno Rezende e Alan Ferreira vão abrir mão de suas candidaturas. Ou que Diego Libardi fará o mesmo.  Convençam Alan Ferreira que na pesquisa Bruno Rezende estaria a sua frente? Isso é impossível. Estou citando apenas um exemplo.

A estratégia deles, por óbvio, vai seguir a que vinha usando Juninho, de críticas ao Prefeito. É o caminho mais curto. A de Lorena, a divulgação das obras. Não sei ainda, sob esse aspecto, como caminhará o candidato do PT, Carlos Casteglione. E menos sei do que fará Ferraço, pois fala muito pra dizer pouco. Mas se preocupa com Norma Ayub e o futuro de Ricardo, como candidato a governador.

A prudência manda que se espere mais alguns dias. Os atores estarão no palco.


Wilson Marcio Depes Advogado Escritor e jornalista

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