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A volta de Casteglione

Ex-prefeito precisa se reinventar ao mesmo tempo em que revitaliza o partido, que desde 2016 não elege sequer vereador em Cachoeiro


- Foto: Divulgação

A eleição para a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim caminha para ser atípica, com possivelmente três polos. A onda bolsonarista vista em 2018 e que ainda demonstrou força em 2022 no município já está mais branda. Mas, mesmo assim, catapulta o vereador Júnior Corrêa (PL) como, talvez, o nome mais cotado nas apostas eleitorais.

Um fator a se medir é o efeito Lula na viabilização do ex-prefeito Carlos Casteglione (PT), hoje subsecretário estadual de Trabalho e Emprego, após resultado muito ruim em sua última disputa eleitoral, justamente em 2018, quando o bolsonarismo e o antipetismo estavam mais fortes.

A balança, agora, parece mais equilibrada e a expectativa é de que o ex-prefeito tenha participação ao menos competitiva. E até de possível retomada protagonismo. Mas, para isso, terá de revitalizar o partido, além de a si próprio.

O PT, hoje, em Cachoeiro, não tem a mesma força que chegou ao ápice nas suas duas gestões consecutivas. Muitos militantes e lideranças daquele período estão desmobilizadas ou sequer integram mais a sigla. E não houve renovação à altura.

Depois que Rodrigo Coelho foi eleito deputado estadual, em 2014 - viria a deixar o partido dois anos depois - o PT, que vinha de décadas de crescimento no município, jamais elegeu sequer vereador, embora tenha lançado candidatos em todas as oportunidades. Uma queda vertiginosa que só encontra paralelo com a do MDB após o segundo mandato de Roberto Valadão.

Num cenário assim, a repetição em nível municipal da polarização nacional que marcou os últimos anos pode beneficiar Casteglione. Teria o apoio de parcela significativa da população que se opõe ao bolsonarismo, além, é claro, os que se alinham ao lulopetismo.

Entretanto, isso não basta. O desafio é, também, chegar mais ao centro. E ele se mostra consciente neste sentido. Sinaliza ao PSB e aos demais partido de seu campo ideológico, mas não se recusa a conversar com nenhum outro. 

Prudente, visto que nem mesmo todo o esforço de candidatos em 2020 com o objetivo de estimular a exaltação dos ânimos nas eleições municipais, deu resultado. E Victor Coelho (PSB) se reelegeu com muita facilidade, deixando em segundo lugar o advogado Diego Libardi (Republicanos), que também apostou no discurso moderado. Quem representava os extremos, se deu muito mal.

Em resumo, as eleições serão difíceis para Casteglione, caso realmente venha a se candidatar. Ele, porém, está acostumado. Começou desacreditado nas duas eleições municipais que venceu, de virada.

Em comum com aquele momento: o PT também dava as cartas no Governo Federal. E é nessa tecla que tem batido. Elabora que com Lula e ele no poder ao mesmo tempo, Cachoeiro poderia ampliar para escala nacional a dobradinha estadual em vigor entre o prefeito Victor Coelho e o governador Renato Casagrande, que enche o município de obras e investimentos.

Sobre o terceiro polo, citado lá no começo, e apenas tangenciado no parágrafo acima, analisaremos na semana que vem.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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