As jogadas de Diego Libardi - Jornal Fato
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As jogadas de Diego Libardi

Político traça estratégia eleitoral e tenta dominar o meio-campo visando as eleições do ano que vem, que já aparenta posições bem definidas pela esquerda e pela direita


O advogado Diego Libardi (Republicanos) ganhou os holofotes nas eleições de 2020, em que foi o 2ª mais votado para prefeito em Cachoeiro. Dois anos depois, teve a 2ª maior votação para deputado federal no município. No ano que vem, tentará, enfim, vencer sua 1ª eleição e se tornar prefeito.

Antes de concorrer pela primeira vez, Libardi atuava nos bastidores, na articulação. Até ser alçado - por falta de opção - como candidato do deputado estadual Theodorico Ferraço (PP), a prefeito em 2020. Na época, eram correlogionários no União Brasil.

No ano passado, a disputa eleitoral afastou os dois.

Diego pode provar que tem votos próprios. Somou mais sufrágios, em Cachoeiro, do que Norma Ayub (PP), esposa de Ferraço e que também concorreu a deputada federal. Mas, ao que parece, perdeu de vez o apoio importante.

Tudo isso somado o leva, agora, a buscar seu espaço político para a disputa que se aproxima e que tem algumas posições que já parecem bem consolidadas: o vereador Juninho Corrêa (PL) na extrema direita e o ex-prefeito Carlos Casteglione (PT) na ponta esquerda, numa possível reedição paroquial da polarização nacional.  

Libardi tenta tomar conta do meio de campo, que está embolado.

No centro, estão escalados nomes como os dos deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União), entre outros, que assim como esses, podem conquistar o apoio do prefeito Victor Coelho (PSB).

A movimentação intensa de Libardi - que inclui agendas com partidos e lideranças - há 20 meses das eleições, chama atenção. Não à toa, é motivo de análises nas últimas semanas em diversos veículos de comunicação. Mesmo aqui, já o fora há alguns dias.

Vendo que há espaço pelo centro, nitidamente modula seu discurso.

Em entrevista ao podcast Lado B, ao jornalista Basílio Machado, abandonou o viés crítico à atual administração municipal - à qual até elogiou pelas obras -  e ponderou analisar convites de partidos, como o Podemos, hoje próximo às gestões do município e do Estado, contra as quais concorreu e fez campanha nas duas eleições em que foi candidato.

Procura não trancar portas. Faz acenos e um esforço sincero - e com evidente cuidado para controlar a narrativa- em busca de ampliar seu campo político e eleitorado. Sem mandato, conta apenas com seu recém-adquirido capital eleitoral e capacidade de articulação para angariar apoios.

Por isso, subverte a ordem e tenta reunir adesões para a elaboração de um plano de gestão para o município. Algo que seja abrangente o suficiente para atrair partidos e, só depois, definir o nome do candidato.

A estratégia não é nova. Foi utilizada com sucesso pelo ex-prefeito Roberto Valadão, em 2004, e revivida em 2016, pelo então deputado estadual e hoje Conselheiro do Tribunal de Contas, Rodrigo Coelho, que planejou a gestão, mas jamais se candidatou a prefeito.

Libardi monta a estratégia. Sabe que tem muito campo a percorrer. E corre, para ficar bem posicionado. Seja para tomar a bola dos adversários ou para recebê-la em condições de marcar seu gol de placa.

Entretanto, a única coisa certa é que ainda há muito jogo pela frente.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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