Como uma onda - Jornal Fato
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Como uma onda

Estava sentada na areia daquela praia. As suas ondas vinham com uma velocidade até tocarem meus pés...


Estava sentada na areia daquela praia. As suas ondas vinham com uma velocidade até tocarem meus pés, depois voltavam lentamente como se quisessem guardar um pouco da sensação de tocar minha pele.

Fiquei intacta ao perceber que o movimento contínuo das ondas soava calmamente na minha cabeça e agiam como um tranquilizante natural.

Eu apreciava a lua. E naquele dia ela estava radiante! O balançar do barquinho preso no pedaço de toco enfiado no mar, foi de uma sincronia instável. Ele ia e voltava com o bater do vendo e das águas. Aquela noite realmente estava diferente. Distinta aos meus olhos.

Eu observava outras coisas que passam despercebidas. Logo o sol estaria de volta, as buzinas incansáveis dos carros estariam soando a todo instante e ninguém notaria o soar da maré.

O vai e vem das ondas normalmente não destacariam uma atenção diferenciada a ninguém por ser algo natural do cotidiano. Porém, coisas simples despertam meu interesse e eu amava observar como a ação natural do tempo tocava minha alma e a modificava sem que eu percebesse. São os efeitos das simplicidades.

Queria mesmo, era encontrar uma forma de registrar esse momento e poder mostrar ao mundo a simplicidade que era guardada só para si. Todos devem ver essa noite, ela não pode ser desperdiçada assim.

Mas ela corria. Corria tanto que fugia ao meu alcance. Não teríamos muito tempo. O amanhecer estaria ali daqui a alguns minutos, já não eram mais horas. E o que sobraria seriam somente lembranças. Lembranças do que já foi, do que acontece e do que virá. É tempo de mudanças. É de ser você. Só sejamos.

Desenhei na areia molhada, uma mão, porque queria pegar tudo e não tinha como. Então, deixei que as ondas levassem para outros lugares, a minha simples vontade.


Caroline Fardin Araújo Professora de Língua Portuguesa

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