Conexão Mansur: Rubem Braga vendeu remédios aqui - Jornal Fato
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Conexão Mansur: Rubem Braga vendeu remédios aqui

Na DROGMED, Praça Jerônimo Monteiro, que antigamente, muito antigamente, se chamava Farmácia Central e era de propriedade de parentes da Família Braga


- Ilustração: Zé Ricardo
 

Muitos dos grandes sucessos, muitas das boas lembranças, só são sucesso e lembrança a partir da origem que, maioria das vezes, nasce de coisas simples.

Esta semana, na farmácia DROGMED, Praça Jerônimo Monteiro, que antigamente, muito antigamente, se chamava Farmácia Central e era de propriedade de parentes da Família Braga (de Rubem Braga, você conhece!), aconteceu coisa simples que tocou o coração dos atuais proprietários e dos atuais funcionários e funcionárias da farmácia.

Mas volto ao início. Sou cliente há mais de meio século da Farmácia Central, desde quando me mudei para Cachoeiro e desde quando ela era propriedade do Sr. Aldo. O atendimento, nesse mais de meio século, nunca mudou, sempre foi de qualidade. E continua, desde já registro.

Tempos atrás, lendo livro de crônicas de Rubem Braga ("Casa dos Braga - Memória da Infância", Ed. Record), li página onde ele começa assim a crônica "Memórias de um Ajudante de Farmácia": - "Rapazola, andei trabalhando numa farmácia de parentes, para ter um dinheirinho meu. Era a Farmácia Central de Cachoeiro de Itapemirim".

Leitor de Rubem, quase tudo dele, nunca lera tal crônica, mas a Farmácia Central não me saiu da memória, de forma que fui lá na Farmácia, hoje DROGMED, e "contei" a crônica para os jovens novos proprietários e jovens vendedoras/vendedores, que também não sabiam que Rubem Braga vendera remédios ali - coisa de quase um século, registro.

E se ninguém de nós sabia, isso não foi problema. Fato é que, conversa vai, conversa vem, aliados a mim, cliente, resolvemos colocar postagem em plástico na porta da farmácia, com imagem de Rubem Braga e a anotação:

- "Rubem Braga vendeu remédios aqui".

E lá ficou e ainda está e ficará.

E sempre alguém de nossa cidade, morador daqui, passa por lá e vê o plástico e faz bons comentários, para além do remédio que quer comprar.

Era e é legal, e é normal, sempre para o bem de Rubem, de Cachoeiro, da farmácia, de seus proprietários e servidores e de nós compradores dos remédios. Há sempre felicidades estampada em todos os rostos.

Mas ao chegar na farmácia, hoje, 07 de março, fui surpreendido com a alegria maior de um dos colaboradores da farmácia, que transita pelos balcões. Disse-me ele que chegaram à farmácia, no dia anterior, quatro senhoras, possivelmente irmãs, sendo uma delas moradora no Rio de Janeiro (as demais moram em Cachoeiro).

E ao chegarem na porta da farmácia, aonde está a informação de que Rubem Braga vendera remédios ali, o quarteto abriu-se na melhor das emoções e felicidades, ao tomar conhecimento daquilo que não conheciam, mas que era informação abençoada, da qual só Cachoeiro (também "Terra do Rei") tem: - Na farmácia de Cachoeiro, aonde compramos remédios, Rubem Braga os vendeu para nossos avós e bisavós. E a felicidade entranhou-se no coração de todas, como entranhou no meu, no do dono da farmácia e nas suas vendedoras e vendedores.

Isso nunca mais sairá de dentro de nós, a não ser quando nós, maravilhados, transmitirmos a amigos e visitantes esse fato que só Cachoeiro tem - "Rubem Braga vendeu remédios aqui", bem pertinho, na Praça Jerônimo Monteiro. E daqui passaremos a notícia a outros amigos e amigas, para sempre.

Isso também se chama TURISMO e muito mais.

 

Viva Antonio Tanússio

 

 

O texto anexo (acima), com a foto de Antonio Tanússio, é recorte de revista (creio ser a revista "Cachoeiro de Itapemirim", de 1972, editada pelo jornalista Joel Pinto). Trata-se de bela, verdadeira e inteligente homenagem ao cidadão cachoeirense ANTONIO TANÚSSIO, o qual, como tantos outros, infelizmente desapareceram da memória da cidade.

Conheci TANÚSSIO já bem idoso, na Loja Maçônica Fraternidade e Luz, a qual frequentava com regularidade. Foi lá - com ele - que aprendi uma das maiores lições que carrego para toda a vida: - toda vez que TANÚSSIO, já nos seus mais de 80 anos, se levantava para falar, era para falar coisas sérias, olhando sempre para o futuro, cantando loas a esse futuro que estava acabando para ele, mas ele sempre preocupado com o futuro dos jovens, e não com o dele, coisas que a vida e minhas leituras têm me ensinado.

TANÚSSIO foi um dos fundadores do YOLE CLUB CAÇA E PESCA e membro do também antigo YOLE CLUBE, sociedades já extintas, que a cidade de Cachoeiro (e não só os prefeitos) deixaram literalmente ruir, roubados até os pregos da antiga e centenária construção, ainda hoje abandonada.

Fica a mensagem para o futuro prefeito colocar em seu Plano de Governo: - Recuperar o prédio do centenário e maravilhoso (em seu tempo) YOLE CLUBE, para o futuro e para a juventude.


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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