Da Região Sul para Cachoeiro - Jornal Fato
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Da Região Sul para Cachoeiro

Nosso Cachoeiro é o centro e capital da região sul do Espirito Santo, título que conquistou oficiosamente a partir da família e dos governos Monteiro (Jerônimo, Bernardino, etc.), lá pelos fins do século XIX


Sem nenhum desrespeito aos municípios que nos circundam, quer os que estejam na planície, quer os que estejam nas montanhas ou à beira-mar, nosso Cachoeiro é o centro e capital da região sul do Espirito Santo, título que conquistou oficiosamente a partir da família e dos governos Monteiro (Jerônimo, Bernardino, etc.), lá pelos fins do século XIX, atravessando o século XX quase inteiro, vindo dar no Século XXI, quando nossos vizinhos começaram a ter proeminências particulares, o que é muito bom para todos, à exceção daqueles que ficam mornos e não acompanham a evolução regional.

Dentro desse olhar de acompanhar a evolução regional, o Prefeito de Marataízes, Tininho, acaba de dar lição magistral aos municípios vizinhos, à qual abordo a partir de dois pontos, mas podem haver outros pontos mais.

O primeiro ponto: - Tomando meu café diário no ESQUINACAFÉ, logo no início do verão, vi, ao lado da Ponte Municipal, no centro de Cachoeiro, uma placa colorida imensa, mostrando o mar e convidando os cachoeirenses a visitarem a praia (e o município) de Marataízes.

Nunca tinha visto algo semelhante e fiquei encantado, a ponto de pensar em sugerir à Prefeitura de Cachoeiro uma espécie de vice-versa.

E o segundo ponto? - vamos, nós de Cachoeiro, partir para as cidades da região, e não só Marataízes, e não só praias, no sentido de convocar e facilitar aos cidadãos de lá virem a Cachoeiro, em ônibus da Prefeitura de Cachoeiro (ou de empresa de turismo local), e aqui visitarem a casa onde nasceu o maior cantor brasileiro de todos os tempos (Roberto Carlos, claro), a casa do maior cronista brasileiro, também em todos os tempos (Rubem Braga, claro) e - para só ficar em três pontos - visitar uma indústria ou pedreira de mármore, do qual Cachoeiro (em breve oficialmente) é a Capital Nacional.

Foi exatamente o que Tininho, prefeito de Marataízes, começou a fazer. Além da propaganda no centro de nossa cidade, veio a um centro de atendimento a cachoeirenses aqui em Cachoeiro, colocou-os em um ônibus e foi com eles visitar os pontos turísticos de... MARATAÍZES.

Voltando às casas de Roberto Carlos e de Rubem Braga, sugeriria que tais visitantes convidados pela Prefeitura de Cachoeiro, vindos de ônibus ou de automóvel, transitassem a pé, devidamente assistidos, da Casa de um para a Casa do outro, andando cerca de 1 km ou pouco mais, com direito, se assim o fizerem, a um ou dois brindes: - um café (como em Ribeirão Preto - SP, no tempo do então prefeito Antonio Palocci, o que atraia moradores da cidade e região), quando chegassem no fundamental Palácio Bernardino Monteiro, e a um gratuito conjunto de bloquinhos de anotação com fotos de ambas as casas (essa última parte, eu sei, pela prática, que não é caro e atinge o fundo dos corações dos visitantes e, porque não dizer, o coração dos cachoeirenses).

Outros pontos de atração podem chamar a atenção dos visitantes, é claro, como a recuperação visual do casario entre as duas casas, visual, hoje, bastante maltratado.

Nada disso fica caro, mas fica no coração de quem nos visitar, e para a vida inteira.

Finalizando, como sempre faço, ofereço essas sugestões ao futuro prefeito do Município de Cachoeiro de Itapemirim, mas nada impede que a atual administração, também, a faça - e ainda dá tempo.

 

AOS TOLOS, CONFORME A TOLICE DELES

Nelson Rodrigues era homem de direita. Não era burro. Dotado de sensibilidade extrema e poder de síntese admirável, cunhou expressões que, mesmo caindo nos domínios do chavão, nem por isso deixavam de representar verdades, embora galhofas. Entre tantas criações, engendrou os personagens chamados "idiotas da objetividade". Elementos que transitam ridiculamente da esquerda à direita, do capitalismo ao comunismo, de extremo a outro. Não são representantes de ideias, até porque não as têm próprias.

Idiotas da objetividade são, por exemplo, aqueles que proclamam o fim das coisas - coisas que gostariam tivessem fim. Como o fim das ideologias, as quais não compreendem ou,

compreendendo, chocam-se contra seus interesses e "ideias", que marcam encontro nos bolsos sempre cheios ou na cabeça sempre oca.

Em resumo, idiota da objetividade é o que lê pouco e vive em função de interesses. Mal lê uma notinha em revista ou jornal, sem nenhum exercício de inteligência, sai por aí proclamando a definitividade da morte... dos outros. É um ignorante na acepção socrática, pois, mesmo que alguns, incidentalmente, "pratiquem bem a sua arte, imaginam ser sapientíssimos nos demais assuntos, os mais difíceis". É idiota da objetividade todo aquele que desconhece o movimento pendular da história e, por isso, está sempre decretando a morte disso ou daquilo, da esquerda ou da direita.

E bom para ele é quando o movimento pendular coincide de favorecer a ideologia que pretende defender, mesmo quando, sabidamente, ataca os ideólogos. E isso atinge - repito - um extremo e outro, pois a burrice, como a chuva e o raio, não escolhe lugar para cair. Cai nos lugares mais insuspeitados e, sobre alguns, chega a promover pirotecnias.

A questão do idiota da objetividade é que ele pensa sempre, ou com viés ideológico equivocado, ou com o bolso mesmo. Ou com ambos, e aí o caso se transforma, no mínimo, em conflito interno.

Moral da História? Não tem moral da história. Peço é que Deus me livre de pessoas ocasionais e erráticas do Evangelho e, ainda, dos que batem no peito e arrotam mentiras. (Como em Provérbios, 26, 5, respondi "ao tolo de acordo com as tolices dele, para que ele não fique pensando que é sábio".)

ENQUANTO ISSO, NA GRÉCIA ANTIGA - "... não estava morto como diziam arautos levianos - apenas beijava a terra maternal pedindo-lhe novas forças. Não fugira como cantava a precipitação. Procurando abrigo na floresta fizera de cada árvore um terrível aliado. Não se entregara, como comunicava a empáfia da proclamação geral. " (Sófocles, na Antígona) (Crônica publicada originalmente em novembro de 1997).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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