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Minha vida cristã na igreja da Consolação


- Foto: Divulgação

A igreja que frequento é a Consolação, missa das 6h30 aos domingos. E foi neste cenário que me surpreendi, no momento da procissão da entrada, com o sacerdote celebrante, um senhor idoso, cabelos brancos, curvado e bem magro. E nesta figura eu percebo os traços do Frei Toninho, na minha opinião o sacerdote mais cheio de vida, disposição, liderança e espiritualidade que passou por aqui.

Os padres da Consolação recebem o título de Frei e pertencem a Ordem dos Agostinianos Recoletos, que já comemorou o centenário em nossa cidade. Entre eles cito dois sacerdotes que se destacaram, o Frei Antolin Rodrigues, cuja coragem e determinação permitiu que levantasse recursos para a construção da Igreja, imponente, moderna, com seus vitrais que são verdadeiras obras de arte. Ele pessoalmente procurava os prováveis doadores e sua capacidade de convencimento era tal que ninguém, até os ateus, lhe negava dinheiro, material de construção ou gado para rifas ou leilões. Não o conheci pessoalmente, mas ouvia os mais velhos tecendo elogios a sua pessoa. Não sei onde o Frei Antolin terminou seus dias, possivelmente construindo outras igrejas. Já o Frei Toninho, Antonio Jacintho Gomes Junqueira, se distinguiu pela capacidade de comunicação e liderança. Foi incansável em seu trabalho de organizar as comunidades e sua vitalidade assombrava. Suas homilias ou pregações eram perfeitas. Quando foi transferido para outra paróquia foi uma consternação geral. Como ninguém é insubstituível, segundo norma controversa, vieram outros párocos, o ser humano tem facilidade de ir se adaptando, e chegamos aos dias atuais,

E eu na missa, espantada com o frei Toninho tão velhinho aparentemente. E ao iniciar a celebração o padre que estava no altar se transfigurou no frei Toninho da minha lembrança. E sua homilia foi perfeita, citou as leituras e o Evangelho e não fugiu do tema proposto. Não percebi nenhum deslize devido a idade, naquele altar ministrava, em nome de Jesus, um idoso que não perdeu o carisma, a vitalidade e a comunicabilidade.

E lembrei-me do show de Roberto Carlos, em comemoração aos seus 82 anos, na cidade natal. No palco se apresentou um senhor que aparenta a idade que tem, com a mobilidade já comprometida, e quando começou a cantar transfigurou-se num jovem com a voz mais afinada do que nunca e carismático como sempre.

E tomo conhecimento da história do Sr. Henrique Tommasi, fundador da maior rede de laboratórios do Estado, que aos 86 anos não quer saber de se aposentar. Os exemplos que citei são de pessoas especiais, que se realizam no que fazem e que mantém até o final da vida o elã vital, uma força de vida que os imortalizam. Felizmente eles existem neste mundo!


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