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Gratidão

Em meio ao caos dos dias atuais, tenho me deparado com muitas mensagens acerca da GRATIDÃO


Em meio ao caos dos dias atuais, tenho me deparado com muitas mensagens acerca da GRATIDÃO. Em uma delas ouvi, de uma jovem psicóloga, sem braços e com pés, mas que não andam, o seguinte:

- As pessoas pensam que todos têm braços e pernas e, por isto, esquecem-se de agradecer pela dádiva que há no ato de aplaudir e/ou de se deslocar por si próprio.

Certo dia ouvi também, agora de alguém que precisou de respiração artificial, o quanto percebeu o valor que há no simples ato de respirar e na grandiosidade de Deus ao criar o mecanismo de captação do ar pelos pulmões. Ação orgânica natural que, apesar de tão eficiente e de tão majestosa, não valorizamos, ao menos, o suficiente para nos gerar gratidão.

Igualmente, tenho ouvido, de casais separados, porque achavam insustentável a manutenção da união, a dor exalada da saudade da vida conjugal encerrada. Além disto deparai-me com dores de mães que perderam seus filhos, mas que, antes, viam neles muitas razões de insatisfação.

Enfim, tenho sido apresentada a experiências, de perto e de longe, as quais me revelam que, apesar dos pesares, há grandeza no abrir os olhos a cada manhã e no ter condição física/psíquica de trabalhar. Tudo, além das razões de se alegrar que há no fato de termos, ao nosso lado, amados que estão com saúde. Logo, muitos são os motivos que passam desapercebidas, mas que deveriam gerar gratidão a Deus, autor e consumador de toda a criação. 

Assim, se com a pandemia falta dinheiro, se faltam perspectivas, se a saúde se abala, mas permanecemos firmes, se temos filhos, cônjuges, pais, irmãos, amigos, irmãos de fé,..., também temos muitas razões para encher nossos corações de alegria e para, todos os dias, ao abrir os olhos a cada amanhecer, agradecer pela oportunidade do recomeço.

Neste contexto, tenho participado de lives que, em meio às dores causadas pela pandemia, no repasse da Palavra, para os cristãos, de Deus, têm aberto meus olhos para enxergar que temos muito mais a agradecer que a pedir e, com este olhar, é possível entender que, mesmo sentindo na própria carne de algumas dores, ainda assim, devemos - e podemos - ser gratos.

Ademais, com o olhar voltado nas razões de agradecer, as dores se tornam mais amenas e as forças, para seguir em frente, renovam-se diariamente.

Tudo isto me lembrou de quando minha mãe, já muito debilitada por um câncer agressivo, duas semanas antes de falecer, foi encaminhada para uma psicóloga. Isto porque, eu, sem entender como a profissional poderia ajudá-la, já que estava diante da morte, perguntei acerca da eficiência da terapia na situação da minha amada e recebi, da profissional, a seguinte resposta:

- "Durante o atendimento, pergunto a sua mãe o que lhe dá prazer. Como estar perto dos filhos, da família, lhe alegra o coração, estimulo que viva intensamente estes momentos, mostro a importância de se regozijar com o amor recebido pelos seus, pois o futuro é um mistério. Na oportunidade do último encontro, lembrei-a de que alguém saudável pode partir de repente e de que pessoas doentes podem ficar muito mais tempo por aqui ou, quiçá, serem curadas."

Naquele momento, entendi que, mesmo que seja muito, muito, difícil na prática, até diante da morte, que é uma dura realidade, muitas são as razões para a Gratidão. Isto me ficou claro, pois, um dia antes dela voltar para Deus, questionei minha mãe se sentia medo. Eu disse que ela (que tinha apenas 61 anos) podia reclamar comigo, pois, em todo o processo da doença, nunca se lamentou. Sabiamente e cheia da unção do Espirito Santo de Deus, ela me deixou sua última lição ao responder: "PROCURO NÃO PENSAR". Fiquei muda, debrucei minha cabeça junto a dela, disse que a amava, ouvi que ela nos amava e entendi: ela tirou o foco da dor e olhou para a dádiva diária de estar viva aqui ou na vida eterna, sempre expressando gratidão a Deus.

Assim, pelas razões aqui demonstradas e pelas que cada um de nós carrega em si, que possamos, todos os dias, com ou sem pandemia, com ou sem saúde, com ou sem dinheiro, olhar para o céu e dizer: Senhor, obrigado pela dádiva de mais um dia! Isto, na certeza de que, até aqui, o Senhor nos ajudou e, no porvir, continuará ajudando.


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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