Não se pode perder um detalhe... - Jornal Fato
Artigos

Não se pode perder um detalhe...

O ideal para a população é separar o joio do trigo para que não prevaleça o ódio


- Foto: José Cruz/Agência Brasil

Enquanto o prefeito Victor Coelho mostra obras, os seus opositores apontam    as possíveis falhas delas e dos projetos. Ora, um acidente, ora são os reclamos do comércio, enfim, tudo isso é muito antigo no jogo político.  Quanto não existe má-fé, faz parte do regime democrático. Pelo que antevejo, será assim o próximo ano inteiro.  Isso me faz lembrar quando Ferraço começou a construir a Beira Rio.  Sofreu muito no início das obras - até de louco foi chamado -  até conseguir consagração.

Os movimentos pré-eleitorais são assim. Mas, o ideal, para a população, é separar o joio do trigo para que não prevaleça o ódio, a ponto de termos que voltar ao famoso 8 de janeiro.  Podem esperar o prefeito e seus correligionários que essa luta só acentuará perto das eleições.  Não estou dizendo que não existem críticas ponderadas e técnicas, mas a maioria são movidas pelo clima eleitoral. Clima de torcida enlouquecida.

Há ainda um ranço da ideologia bolsonarista. A ponto de se perguntar, fugindo do eixo administrativo, se o eleitor votará no candidato apoiado por Lula ou Bolsonaro. Veja que o prefeito, como ele mesmo disse antes da eleição que nunca votou no PT. Logo, não sofrerá tanto com essa confusão estratégica. Mas, claro, o vereador Juninho é visceralmente bolsonarista e quer, por óbvio, embarcar nessa canoa. Botar a placa no prefeito.

Mas, por outro lado, o prefeito Victor tem a dizer que apoiou um candidato bolsonarista a deputado estadual - Alan Ferreira. E que hoje é pré-candidato a prefeito, anunciando, em entrevista a Wagner Santos, que é de centro-direita. Mas Alan não é um radical, mas, sim, populista, formada na diálogo do dia a dia.

Mas quem está sofrendo, com sua aparição nova cenário, é a secretária Lorena Vasquez, anunciada como pré-candidata do prefeito e quem vem comandando a maioria das obras. Há de ter carcaça para suportar as fofocas e críticas, algumas delas vindo da própria Prefeitura. O interessante é que não há apreciação das obras que realiza, mas uma possível dificuldade de relacionamento.  Coisa velha, falta de argumento e irrelevante.

Ora, uma coisa é crítica, outra é destempero por algum interesse contrariado. Político que se preza sabe separar uma coisa da outra. A verdade não desaparece quando é censurada.  Como ensinou o poeta: "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".  Esse é o diálogo que os cachoeirenses, que gostam de sua cidade, precisam. Não um massacre moral por interesse mesquinhos. 

O curioso é que não se está digladiando apenas para escolha do sucessor de Victor. Mas, também, para queimar sua pretensão em ser candidato a deputado federal logo depois que fizer o sucessor (a). Esquecendo que a maioria dos prefeitos conseguiu concretizar essa pretensão. É de ver: Hélio Carlos Manhães, Teodorico Ferraço, José Tasso Andrade, Roberto Valadão dentre outros.

Temos uma disputa dupla. Até mesmo o médico, que começou agora, Bruno Rezende -  recebendo as primeiras lições -  está em plena campanha para o cargo, para suprir o papel de Norma Ayub, que, afinal, está quieta, mas de boba não tem nada, ao lado do deputado Ferraço. Está de olho no jogo.  Os fatos políticos, afinal, correm nesse rio de águas surpreendentes, mas nem tanto. Como acreditar que Norma encerrará sua carreira política? Ninguém concebe isso.

Esses ingredientes todos fazem parte no jogo que começará, com maior vigor, a partir do próximo ano.  O vice-governador Ricardo Ferraço já começou a dar as caras por aqui, com pacote de obras. O interessante, afinal, que o pensamento predominante no cenário atual é "quem faz obra ganha a eleição". Então, como diz a oposição ao prefeito Victor, "precisamos mostrar que as obras estão defeituosas e não atendem ao desejo da população". Não se pode perder um detalhe sequer.

O cenário está pronto para as eleições.


Wilson Marcio Depes Advogado Escritor e jornalista

Comentários