Cachoeirense Ausente é recebida com homenagens - Jornal Fato
Cachoeiro

Cachoeirense Ausente é recebida com homenagens

Empresária recebeu a chave da cidade durante solenidade no Centro Operário


- Foto Divulgação

A empresária Maria da Conceição Castelar de Souza, 83 anos, foi eleita Cachoeirense Ausente Nº 1 deste ano de 2022, mas, de certa forma, sempre esteve presente no dia a dia do município. Se não fisicamente, ao menos por intermédio das sete lojas e a fábrica da Calçados Itapuã, uma das marcas brasileiras mais conhecidas e reconhecidas no Brasil e no exterior.

Por 39 anos, foi casada com Severino Matias de Souza. Juntos, a partir da década de 60 fomentaram, a Fábrica de Sapatos Regina, que alguns anos após a fundação, passou a se chamar Itapuã. Em 1975, foi inaugurada a fábrica e primeira loja atacadista da Itapuã em Cachoeiro.

Após o falecimento de Severino, em 1997, Maria da conceição segurou as rédeas das lojas e da fábrica, gerenciando os negócios junto com família. Hoje, o empreendimento passa por recuperação judicial, atingida como muitos negócios, pela pandemia de covid-19. Ainda assim, mantém rede de 155 lojas, além da atividade fabril no Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Graças à sua visão empreendedora, milhares de pessoas têm seu emprego garantido. É um modelo de resiliência, força e fé.

A simbiose entre Itapuã, Cachoeiro, Conceição e sua família, foi resumida logo na chegada dela ao município, na última quinta-feira, quando recebeu as chaves simbólicas da cidade e deu início à festa. No Centro Operário e de Proteção Mútua, como manda a tradição, discursou, inspirada por versos de Fernando Pessoa, a quem considera o maior poeta de língua portuguesa: "O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis!"

Ela contextualiza: "Com muito amor, uni-me a Severino, meu companheiro incomparável. Por amor a um momento inesquecível, acolhemos Cachoeiro como o berço de um sonho; fundação da nossa empresa. Pois aqui ela nasceu e aqui também se criou toda nossa família. Inclusive, a Itapuã é a filha de todos os cachoeirenses. À parte toda a nossa dedicação ao trabalho e ajuda divina, existem coisas inexplicáveis. Tal como chegamos ao patamar de ser a empresa do porte que nos tornamos. Peço desculpas por não conseguir falar separadamente da empresa, de Cachoeiro e da minha família, pois o meu coração forma uma só unidade, sagrada e indivisível. Assim, chegamos às pessoas incomparáveis, que são os amigos que me trouxeram até aqui, a receber essa honraria, representando o povo de Cachoeiro. Pois sem eles, os amigos, que nos honram como pessoas, e o povo, que nos prestigia como empresa, nunca teríamos chegado até aqui".

Maria da Conceição foi recepcionada no trevo da Itapemirim por amigos, familiares e autoridades, momento embalado por uma apresentação da banda 26 de Julho. Atualmente, Conceição e sua família residem em Vitória.  

 

Entrevista

"Sempre fui considerada à frente do meu tempo"

Em entrevista exclusiva ao jornal FATO, concedida logo após a sua eleição para Cachoeirense Ausente, Maria Conceição Castelar de Souza contou sobre as lembranças que guarda de Cachoeiro.

 

JORNAL FATO - Quais lembranças a senhora guarda do tempo em que morou em Cachoeiro?

Maria da Conceição Castelar de Souza - Eu tenho muitas lembranças do tempo em que morei em Cachoeiro, onde junto com meu marido dei início em nossas lojas e constituí minha família. Me recordo com carinho das pessoas, que considero um povo trabalhador e honesto.

 

Sente saudades de morar em Cachoeiro?

Cachoeiro me traz uma triste lembrança, que é a morte do meu marido, motivo pelo qual fiquei um período sem ir à cidade.

 

Existe alguma figura marcante da cidade que foi sua inspiração ou que a senhora admire?

Eu admiro em Cachoeiro o seu povo, que é trabalhador, honesto e que luta em busca do seu sustento e de sua família.

 

Como foi iniciar uma empresa em Cachoeiro de Itapemirim e depois expandir, sendo reconhecida no país inteiro?

Nós iniciamos com muita luta, mas sem nunca desanimar, quando tínhamos três lojas eu atendia os clientes e tinha ajuda de somente uma colaboradora. Com o nascimento dos meus filhos, meu marido ficou responsável pela administração das lojas e eu fiquei em casa, mas, mesmo assim, ajudava com questões de folhas de pagamento. Foi assim até sua morte, quando passei o comando das lojas para minha filha mais velha Suely Castelar Matias de Souza e meu sobrinho Marcone Leonel Matias.

 

Em algum momento pensou em desistir?

Nunca pensei em desistir, mesmo durante a pandemia quando fechamos cerca de 50 lojas. Eu sempre fui considerada à frente do meu tempo. E hoje posso descansar e sobreviver dos lucros que as lojas deram em seus tempos de "vacas gordas" (o grupo entrou com pedido de recuperação judicial no ano passado).

 

Como foi receber a notícia de sua eleição a Cachoeirense Ausente deste ano?

Não me surpreendi, porque já havia sido indicada uma vez. Na época, era jovem. Hoje, com mais idade, enfrento alguns problemas de saúde que espero não me atrapalhar a receber o prêmio.

 

Qual mensagem a senhora deixa?

Eu deixo um recado para todos os cachoeirenses; que continuem sendo esse povo batalhador, que luta em busca do seu sustento dia a dia. Que todos tenham empregos para poder levar o sustento para suas famílias.

Comentários