Entrevista: Flávia Cysne, da Aderes, dá dicas para quem quer empreender - Jornal Fato
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Entrevista: Flávia Cysne, da Aderes, dá dicas para quem quer empreender

"Não tem que esperar a economia retomar. A economia vai retomar à medida que as pessoas investirem", diz Flávia Cysne.


- Foto: Divulgação.

O Sul do Espírito Santo é a primeira região do Estado a ter um escritório regional da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), uma autarquia do Governo do Estado que tem como objetivo promover o empreendedorismo e contribuir para o crescimento da economia capixaba.

Para dar algumas dicas a quem pretende iniciar um negócio e para apresentar um pouco das atividades da Aderes, o Jornal FATO entrevistou a responsável pelo escritório regional Sul, Flávia Cysne.

Natural de Mimoso do Sul e formada em Administração, com especialização em Marketing, Flávia começou a empreender aos 19 anos e não parou mais, sendo proprietária de lojas como O Boticário, Metal Nobre, além de investir na produção de flores tropicais, negócio que mantém desde 2009. Na vida pública, ela foi prefeita por dois mandatos em Mimoso do Sul e recentemente lançou sua pré-candidatura para deputada federal. Se destacando no ramo empresarial, ela recebeu o convite para fazer parte da equipe Aderes.

 

Jornal FATO: Quais os principais projetos da Aderes no Sul do Estado?

Flávia Cysne: O nosso presidente, Alberto Gavini, costuma dizer que a gente não tem uma prateleira montada. Porque quando a gente tem uma prateleira montada, temos serviços prontos. A Aderes é completamente adaptável à realidade local e regional. Então digamos que estamos com um enfraquecimento em um determinado segmento econômico de uma região, é possível que a gente atue especificamente naquele segmento. Com uma feira de empreendedores, apoiando algum projeto de desenvolvimento local. Nós temos o microcrédito, que oferece toda uma linha, em até R$ 300 mil para injetar nesses empreendimentos. Temos o Aderes na estrada, que é um projeto que ajuda os municípios a estruturarem as micro e pequenas empresas, os MEIs. Então nós temos uma série de produtos postos e ainda em formatação. O que o empreendedor precisa saber é que eles têm uma casa e essa casa no Espírito Santo se chama Aderes.

 

Jornal FATO: Aquele pequeno empreendedor que está começando o seu negócio, como ele faz para buscar ajuda junto a Aderes?

Flávia Cysne: Temos uma visão no Brasil que o empreendedor é tipo cair de paraquedas. Eu tenho um dinheirinho vou abrir um negócio. Não é só isso. Eu preciso me organizar. Então se eu quero abrir um negócio, o principal é informação. Eu não posso ter a ansiedade de começar a ganhar dinheiro logo. Senão eu vou queimar meu capital, vou me desgastar naquilo que estou fazendo, vou queimar minha marca. Então tem um passo a passo. O que a gente orienta? Que nesse passo a passo a pessoa busque informações procurando um agente do Nosso Crédito. Ele vai munir você de informações. Outra dica é o site da Aderes. Você pode usar todas as ramificações que nós temos para montar um plano de negócio. Com o plano você vai evitar o desgaste e pode revê-lo várias vezes. Aquele que não consegue fazer o plano sozinho, a Aderes tem uma série de parceiros para indicar ao empreendedor para que ele possa contratá-lo. Deixe para colocar a cara na rua, na internet, depois que você já estiver com o produto formatado para o cliente.

Jornal FATO: E qual a dica você daria para quem quer empreender?

Flávia Cysne: Monte seu plano de negócio, projete e defina o que você quer. Procure informações sobre o que não tem dentro da sua comunidade. O seu projeto pode ser para atender a sua comunidade ou município. É preciso definir se você tem estrutura para ir para a zona rural ou não. Onde você vai aplicar o recurso e o que vai terceirizar, por exemplo. Então tem decisões que você vai tomar que vai te mostrar qual é o âmbito do seu cliente. Isso tudo é preciso que seja pensado. Não dá para fazer de última hora.

 

Jornal FATO: A Aderes tem linha de crédito para os empreendedores que querem montar um negócio, mas não tem capital?

Flávia Cysne: Nós temos um prazo de carência de seis meses, desde que o empreendedor abra o negócio e inicie. Temos linhas que precisam de avalista e de nome limpo. Então, o capital que ele vai pegar é muito em função do que ele já abriu ou do avalista. E tudo deve ser feito munido de informações, que ele pode buscar junto com o agente de crédito. Porque ele vai traçar a trajetória da empresa. No período que ele está investindo, não pode faltar capital para ele se manter. E esse é um grande problema. Normalmente as pessoas acham assim: eu tenho um produto, vou colocar um lucro de 50%, vou vender e já conta com o lucro para se manter e manter o seu negócio.

Jornal FATO: E esse é o momento de empreender, de começar um novo negócio, ou é melhor esperar um pouco?

Flávia Cysne: Existe um déficit muito grande e o que faz essa necessidade do investimento é até mesmo a necessidade das pessoas sobreviverem. Então, o quanto antes a pessoa iniciar o seu projeto, ela está ganhando tempo. O momento de contrair um microcrédito é de acordo com um projeto mínimo, que tem que ter um prazo para ela se regularizar. Mas digamos que se ela tiver que começar hoje, se tiver um planeamento, eu diria para começar hoje. Porque não tem que esperar a economia retomar. A economia vai retomar à medida que as pessoas investirem. Então temos hoje, gente precisando consumir, pessoas querendo vender e dinheiro no mercado para poder auxiliar nesse processo. Então não podemos temer. Temos que ter fé de que as coisas vão melhorar e, lógico, preparo. Eu acredito que o pior passou e a gente tem que caminhar em busca da retomada econômica do nosso Estado e do nosso País.

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