Quem é o verdadeiro Judas em Cachoeiro?
Em Cachoeiro, os malhadores preferiram a madrugada para esconder suas identidades, tal qual o próprio Judas traidor
Eleger políticos ou outros desafetos de projeção pública como Judas a ser malhado vem de anos. Algo que mistura desvirtuamento da mensagem religiosa com crítica social.
Entretanto, o que se fez em Cachoeiro, com a imagem do prefeito Victor Coelho, neste sábado de aleluia, foi nada mais do que covardia, com objetivos indisfarçadamente políticos.
A tradição de malhar o Judas da vez sempre se deu em praça pública, no meio do dia, com os participantes identificados.
Em Cachoeiro, os malhadores preferiram a madrugada para esconder suas identidades, tal qual o próprio Judas traidor.
O viés eleitoreiro fica claro ao observar a mensagem, que faz menção ao exato número de votos que elegeram o prefeito, em 2016.
Mas, se o objetivo é se utilizar do ataque anônimo para se beneficiar politicamente, quem o fez pode ter levado o próprio pescoço à forca.
O ato gerou reações de apoio ao prefeito nas redes sociais. Até adversários políticos se compadeceram. Como o pré-candidato a prefeito, Bruno Ramos, que, mesmo crítico do politicamente correto, avalia que o autor passou dos limites.
"Quer discordar do atual prefeito, apresente propostas e soluções factíveis para o município e não utilize meios sórdidos para isso. Pra mim, isso é caso de polícia. Vocês opositores que praticam tal ato: o tempo para utilização de métodos tão sórdidos fora na idade média. O povo não cai mais nesse tipo de presepada. Minha posição antagônica ao presente prefeito permanece a mesma, no entanto não corroboro com práticas insanas e humilhantes", se solidarizou em texto postado no Facebook.
Victor Coelho preferiu não se pronunciar, quando questionado, mas parece ter abordado o assunto em publicação no Instagram.
"Em toda minha vida tive algumas figuras que forjaram meu caráter. Desde meus professores na escola, os pastores da minha igreja e meus pais e meus irmãos. Mas a figura de Jesus me surpreende por suas atitudes e reações. Sofreu todas as injúrias possíveis e não abriu sua boca. Apenas disse: Pai, perdoa-Ihes, pois eles não sabem o que fazem", pondera.
Ao leitor, fica a pergunta: quem é o verdadeiro Judas? O prefeito que exerce seu mandato permeado por sucessivas crises, sujeito a erros e acertos. Ou adversários sem coragem para mostrar a cara e assumir seus atos?