"O fícus do Senhor" - Jornal Fato
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"O fícus do Senhor"

O fícus é uma árvore muito popular


O fícus é uma árvore muito popular, utilizada principalmente na decoração de ambientes internos de modo que, podada em diferentes formatos decorativos, perde sua essência e grandiosidade natural limitando em si o dom, concedido por Deus no ato de sua criação, de crescer.

Um dia destes, um primo querido me enviou a crônica "O fícus do Senhor", de Rubem Braga, que, confesso, não conhecia. Mais uma vez, fiquei encantada com o modo poético como Rubem comparou o jardineiro, que limita o crescimento e a grandiosidade do fícus, com as podas que, por vezes, aceitamos - ou impomos - em nossas próprias vidas humanas. Podas estas que nos ferem, limitam e impedem de alcançar a dimensão de realização pessoal que seríamos capazes de atingir.

Quando digo realização, entendo que esta palavra é abrangente demais. Isto pois cada indivíduo tem uma expectativa do que é capaz de lhe fazer feliz. Assim, como dizem: o "céu é o limite", mas o que é o céu?

Para uns talvez seja muito dinheiro, para outros, fama, mas há os que têm a satisfação numa família, no respeito aos direitos e na vida rotineira digna.

Todavia, respeitada a expectativa material e emocional de cada indivíduo, em meio a poesia do cronista cachoeirense, fui levada a refletir. Pensei que todos nós nascemos para viver plenamente o tempo em que passamos por aqui, dure ele décadas, anos, meses ou dias. Contudo, por impulsos diversos (externos e/ou internos) nos limitamos ao mínimo e passamos, em detrimento da própria vida, a sobreviver todos os dias de nossa existência.

Lembrei que fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança e que, por amor do Criador, nos foi concedido, em Jesus Cristo, o direito de escolher se nos tornaremos filhos do Todo Poderoso ou se duvidaremos Dele. Apesar disso, enganosamente, muitos pensam que estar próximo do Criador é sinônimo de prisão, de poda e de perda da liberdade.

Contudo, a realidade é totalmente diversa. Isto porque, àqueles que buscam diariamente estar na presença de Deus, na verdade, libertam-se de prisões e de amarras que limitam os dias apenas ao que é visível e aparente.

Isso porque o foco muda e, em Cristo, passamos a enxergar a plenitude da vida que, embora passageira por aqui, é só o começo de uma eternidade a nossa escolha pessoal. Passamos a relevar algumas situações que antes nos feriam e deixamos de sofrer por qualquer contrariedade.

Refleti em experiências pessoais as quais saboreei - e saboreio - que me revelam que, quanto mais busco estudar a bíblia, e quanto mais me sujeito ao tratamento de Cristo, mais me sinto intensa, livre das amarras limitativas e mais se energiza em mim a gratidão por cada dia experimentado, sejam eles alegres ou desafiadores.

Talvez na contramão do que Rubem Braga quis ensinar ou, quiçá, comungando com seu pensamento, senti que, enquanto "fícus do Senhor", conseguimos encontrar nossa beleza natural e chegar ao topo de nossas expectativas quando entendemos que não existem tesouras capazes de impedir o cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas e que homem algum consegue limitar o crescimento material, emocional e espiritual daqueles que aceitam o amor e o cuidado despendido diariamente por Jesus Cristo.

Bem verdade que, mesmo o fícus, enfrenta dias de sol, de chuva e de intensas tempestades. Contudo, enraizado em Jesus Cristo, mesmo que algumas folhas se percam ou que pedaços dos cascos sejam arrancados, continuará fincado na terra, regado a água e nutrido para que, a cada dia, cresça mais forte e mais belo.

Que sejamos fícus do Senhor. Não belos por nós mesmos, mas admiráveis por permitir que os cuidados, o amor e o zelo de Deus nos ajudem a mantermos firmes nossas raízes na terra e, assim, permanecermos fortes e plenos para toda eternidade.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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