Amor não tem idade - Jornal Fato
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Amor não tem idade

Os casos de amor entre os idosos são sinceros, singelos e até edificantes, afinal têm pouco a oferecer em termos materiais, mas com a oferta total do tempo e da vida que ainda podem desfrutar juntos


- Foto Reprodução Web

A música de Martinho da Vila me sugeriu o título: "Amor não tem cor, o amor não tem idade, o amor não vê cara, nem religião...", e a inspiração me vem dos vários casos de amor protagonizados por idosos, nas faixas em que se considera improvável tal experiência, com 70, 80 e até 90 anos.

Os idosos, quando não carregam consigo uma carga de preconceitos, aqueles que conseguiram se libertar das restrições que lhe foram impostas pela cultura familiar e a sociedade, partem para viver histórias de amor lindas, superando barreiras que possibilitam o encontro de almas, além do simples encontro de corpos. As diferenças de idade, cor, religião, e até a superação das comorbidades, nada disso importa. Os casos de amor entre os idosos são sinceros, singelos e até edificantes, afinal ambos entram numa relação com pouco a oferecer em termos materiais, mas com a oferta total do tempo e da vida que ainda podem desfrutar juntos.

Os jovens, em geral, desdenham e ironizam o amor entre os idosos, principalmente seus familiares. Imaginam que os avós são seres assexuados, e que não têm direito a viverem os prazeres da vida. Desconhecem que o elã vital do ser humano é a sexualidade, e que esta só se extingue com a morte.

Uma viúva decidiu que não queria ficar sozinha tomando conta de netos, começou a procurar possíveis namorados entre antigos conhecidos e um deles começou a rondar sua casa de carro. Como a aparência lhe agradou, marcou num bar, e descobriu, quando o provável namorado desceu do carro, que ele sofrera um AVC e andava com muita dificuldade, desistiu deste e continua a busca. Em compensação, outra amiga divorciada há anos entrou num site de relacionamentos, "Par Perfeito", foi selecionando possíveis parceiros por idade, gostos, experiências de vida em comum, e aqueles que se enquadravam ela marcava em locais públicos para não correr riscos. O terceiro, como na música de Chico Buarque, "chegou como quem chega do nada, foi chegando sorrateiro", se adequou perfeitamente, são compatíveis em quase tudo, amam viajar, residem em locais próximos, frequentam a mesma igreja, afinal foi encontro de almas. Sou uma romântica inveterada e amo essas histórias.


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