Conexão Mansur: Casa de Roberto Carlos - Jornal Fato
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Conexão Mansur: Casa de Roberto Carlos

Na Conexão Mansur 176, de início de janeiro de 2012, portanto há 12 anos, respondendo a um amigo que me questionou fatos de quando eu era Secretário de Cultura e Turismo, escrevi:


- Ilustração: Zé Ricardo

Li no Diário Oficial de Cachoeiro, de 26/01/2024: - "Casa de Cultura Roberto Carlos terá mudanças em seu funcionamento - A partir do próximo mês de fevereiro, a Casa de Cultura Roberto Carlos, situada no bairro Recanto, em Cachoeiro, terá mudanças em seus dias de funcionamento. O centro cultural, instalado na casa onde o cantor e compositor Roberto Carlos Braga viveu seus primeiros anos, passará a funcionar de terça-feira a sábado, recebendo fãs e admiradores de diversas partes do Brasil e do mundo. Entre as terças e sextas-feiras, o funcionamento será das 9h às 18h. Já aos sábados, será possível visitar o espaço das 9h às 15h. No local, o público pode apreciar um vasto acervo de fotos, discos, quadros e instrumentos musicais que fizeram parte da trajetória do cantor, considerado o Rei da música brasileira".

Na Conexão Mansur 176, de início de janeiro de 2012, portanto há 12 anos, respondendo a um amigo que me questionou fatos de quando eu era Secretário de Cultura e Turismo, escrevi:

- "CASA DE ROBERTO CARLOS: - ABERTURA AOS SÁBADOS E DOMINGOS: Antes não funcionava aos sábados, domingos e feriados. Funcionar foi decisão pessoal minha, com decisivo apoio do Prefeito Ferraço, contra vontade de alguns. De pequena visitação diária, fizemo-la multiplicar por 10 ou mais vezes a frequência à Casa do Rei. Ao lado de visitação dirigida (Bonde da Cultura), aumentou muito o número de turistas, pelo fato de que... turistas viajam, em maior parte, em fins de semana. Abrimos possibilidade de os cachoeirenses trabalhadores poderem visitar a Casa. Às segundas-feiras a casa não funcionava. É que todos, visitantes e cachoeirenses voltavam para o trabalho."

Mesmo reconhecendo a extrema qualidade do trabalho da nossa Secretária de Cultura e Turismo, da qual sou fã n. 1, apelo para que seja revista o fechamento aos domingos e nos feriados, que é quando o turista viaja e o cachoeirense recebe visitas de gente amiga de outras cidades.

 

MACRO-DRENAGEM

Confesso minha ignorância quanto à tal de Macrodrenagem que se vem fazendo em alguns bairros e regiões de Cachoeiro, com a concentração da "entrega" das águas de chuvas e temporais ao Rio Itapemirim, mais propriamente, e é aí que vejo o perigo, principalmente no Centro da Cidade, já submetido por mais de vez, nos últimos e recentes anos, a inundações catastróficas.

Se a macrodrenagem resolve problemas, acredito possa estar criando outros, já que, no futuro, a quantidade de água despejada rapidamente no leito do rio, no centro da cidade, provocará calamidade maior, muito maior do que as que temos visto até aqui.

Entre outros questionamentos, acredito que a prefeitura falhou gravemente ao não apresentar à população e aos técnicos independentes, estudos técnicos sobre o que pode acontecer, com a quantidade de vazão de águas num período de intensos temporais, iguais ou maiores que o de 2020, em nossa cidade.

Não estou dizendo que estou certo ou errado; não estou dizendo que as autoridades estão certas ou erradas; apenas exponho o meu pensamento de observador da natureza e fujo da covardia de ficar em silêncio, em prejuízo da sociedade e da população.

 

NOTÍCIAS DO NENÉN

 

 

Porque o Hermogêneo Lucas Filho (mais conhecido como Neném Doido) andou tomando uns cafés comigo, no meu "Gabinete" do Café Mourads, isso antes da pandemia; com certa frequência sou abordado por amigos, pedindo notícias dele - é verdade.

A notícia que eu tinha, sem maiores informações, é que ele estava com saúde muito boa e em casa de seus familiares, que o acolhem muito bem. Ele está com 83 anos de vida bem vivida.

Agora, reperguntado, eu, umas duas ou três vezes, sobre como ele está, fui atrás de um dos familiares dele, seu sobrinho Leandro, que me confirmou: - ele está muito bem e me mandou a fotografia que preenche esta página, fotografia desta semana.

Pronto, cumpri minha missão com Neném, de quem sou amigo de um ou outro café e de encontros sempre de passagem, por aqui e por ali.

E já estou aguardando ele para tomarmos o nosso café.

 

UM QUIBE NA ESTRADA

Não me lembro se chovia. Nem se fazia aquele calor úmido de ônibus sem refrigeração, de viagens de longo curso. Também não me lembro se fazia frio, aquele que gela os dedos dos pés e vai subindo pelas pernas, até encontrar o outro, que sobe das mãos para os braços.

Me lembro é do desconforto, grande, naquela viagem de ida ou de volta. Não dava para não desejar saltar na próxima parada e comer ou beber alguma coisa ou andar um pouco, aliviando as pernas.

Depois da eternidade, o ônibus parou. Espera Feliz - bonito o nome da cidadezinha. Desço na improvisada estação rodoviária, roubada de uma antiga e orgulhosa parada de trem de ferro. Observo o lugar: no meio da estação o guichê de passagens, nas pontas, em cada uma delas, um bar. (Já deu para perceber que nas madrugadas eles têm acordo: quando um está aberto o outro fecha.) Estou no bar, o aberto, e peço refrigerante, bebo de canudo, evito o copo. Não é só sede. Dá fome.

Observo na estufa um quibe parecendo quentinho e com cara de bem feito. Me lembro do "pastel do bar da rodoviária que matou o guarda" e refugo. A fome aumenta, e simpatizo com a cara do quibe.

Arrisco uma pergunta: "Feito agora?", e me preparo para a resposta óbvia: (a resposta é sempre "é de agorinha mesmo.") O que parece o dono do bar não se ofende. Repete o óbvio, e em seguida me surpreende, já pegando o quibe: "Experimenta, foi minha irmã que fez". O tom da voz era convincente; mais, sincero; mais ainda, proposta familiar. O "foi minha irmã que fez" veio tão simples que não resisti. Provei e vi que era bom.

O quibe foi feito com carinho de mãe, pensei. A certeza vinha bem mais da voz do que da prova do paladar. Estava gostoso, disso me lembro. Trazia o orgulho e tradição da melhor cozinha, da boa e descomprometida cozinha do interior, das nossas cozinhas.

Meus olhos devolveram àquele moço todo o sentimento e lembrança dos bons tempos do fogão de lenha, das cozinhas de antigamente. Coisas boas, esse sentimento, essa lembrança, esse olhar. Segui viagem. (Crônica escrita antes de 1997)

 

 

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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