Escolhas - Jornal Fato
Artigos

Escolhas

Esses dias estava conversando sobre a vida e, no decorrer do bate papo


Foto: Consciência Psicológia

Esses dias estava conversando sobre a vida e, no decorrer do bate papo, fui questionada sobre meus textos. Na oportunidade eu disse que fazia um tempo que não escrevia, que estava com excesso de trabalho e um tanto quanto sem inspiração.

Após minha ponderação, recebi a seguinte resposta: escreva qualquer coisa, faça um pequeno texto.

Neste momento, comecei a divagar em meus pensamentos, ou seja, de modo aleatório, comecei a pensar o quanto esta vida é única e passageira, o quanto, em seu transcurso, experimentamos de alegrias e de perdas, algumas tão significativas, que deixam eternas marcas em nossas vidas. Marcas estas que, se não ficarmos atentos, vão nos tornando pessoas amargas e secas.

Pensamento vai, pensamento vem, tentei entender o porquê de não escrever mais e, de repente, senti um aperto no peito, pois percebi que, para mim, escrever não é - e não pode ser - uma obrigação. Escrever é, no meu entendimento, o ato de colocar no papel as emoções que do coração transbordam. Assim, se o coração sorri ou se chora as palavras florescerão com um tom diferente de cor e de harmonia; dias cinzas e dias coloridos.

Talvez por isso eu não faça questão de escrever artigos jurídicos. Estes são muitos racionais, já fazem parte da minha vida e o foco apenas neles ofusca a emoção a medida que a razão e o legalismo assumem o controle da situação.

Voltando às divagações, lembrei-me de algumas perdas as quais fui submetida, pensei na minha mãe, refleti na rotina e na correria cotidiana e entendi que, em meio às lutas corriqueiras que somos coagidos a lutar e sobrevivendo às que não podemos, sozinhos, enfrentar, é necessário tomar uma atitude e fazer uma escolha: SER FELIZ.

Enquanto há sopro de vida, há esperança, enquanto há luz, as trevas se escondem; enquanto há liberdade, mesmo que apenas mental, podemos escolher os caminhos por onde andar, os trilhos a superar e as montanhas a sobrevoar.

Num de repente, lembrei-me de pessoas, por razões diversas, muito debilitadas, mas felizes e com um sorriso estampado no rosto, entendi que posso ir aonde quiser, falar o que pensar e vestir o que melhor me agradar. Enquanto isto, no mundo, há jovens desistindo da vida, há mulheres, literalmente, prisioneiras em seus lares e sem o direito de opinião, há indivíduos amargurados, incapazes de sorrir e/ou de um gesto de educação.

Diante disto, o que fazer? Chorar? Enrijecer a alma? Sorrir sem graça? Afogar as mágoas na bebida? Viver na superficialidade e se dopar para não encarar a realidade?

Sei lá, não tenho muitas das respostas às minhas próprias indagações, mas uma coisa eu sei: seja o que for que a vida me preparar eu escolho não seguir só; mesmo que chore algumas vezes, escolho a certeza de que tudo passa, logo, os dias felizes que vão, também voltam; escolho a fé de que, naquilo que não podemos dar conta, Deus pode. Entre desafios e escolhas, não abro mão de olhar para a vida com o olhar focado no sobrenatural que, somente Deus, pode nos revelar a todos nós. Escolho olhar para vida como se tudo fosse, porque é, um milagre.

Escolho a vida porque a morte, escolhendo ou não, um dia a todos alcançara. E, mesmo nesta, ainda podemos escolher a vida, mas, neste caso, a eterna.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

Comentários