Academias: Setor reage à Portaria de reabertura - Jornal Fato
Economia

Academias: Setor reage à Portaria de reabertura

Para a Associação das Academias não há condições de abrir com as regras estabelecidas


A conselheira da Associação das Academias de Ginástica do Espírito Santo (ACAGES) Klaudia Barone Rocha, comentou sobre a portaria divulgada para a reabertura das academias no Espírito Santo, publicada neste sábado (23) no Diário Oficial. Para Klaudia esse protocolo que o Governo do ES divulgou não atende as necessidades das academias. Ela disse ao Jornal Fato que as grandes academias não tem como funcionar com essas regras: "Estávamos tendo entendimentos nesse assunto, encontrando formas de voltar a funcionar com segurança. Esse decreto nos surpreendeu, e não é eficiente" avaliou. "Estávamos com diálogo aberto com o Governo, onde essa reabertura seria para todas as academias do ES. Mas veio essa portaria. Não esperávamos isso. Não temos noção de qual protocolo foi seguido, desconhecemos essas regras em outros estados ou países, em que se basearam para tomar essas medidas?" indaga Klaudia. 

Segundo ainda Klaudia Barone Rocha, a ACAD (Associação Brasileira de Academias), segue um protocolo que atende as normativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e esse decreto do ES não está alinhado com essas normas. "Ainda é bom ressaltar que questão do suor transmitir o vírus, era uma teoria que caiu por terra" destacou Klaudia. 

Para o empresário Christian Marim, de Cachoeiro de Itapemirim, as academias não oferecem tanto risco: "São 3% da população que utiliza as academias. Não tem como infectar se usarmos todas as precauções dentro dos estabelecimentos" avalia. "Fica inviável reabrir as academias. Atendendo 5 alunos por horário, na minha academia, de 06h às 22h, seguindo as regras do decreto, caso cobrasse R$100 de mensalidade, daria R$8 mil mensais, não cobre nem os salários dos funcionários" lamenta Christian. 

O setor tem uma perspectiva negativa: pelo menos 50% dos estabelecimentos não devem conseguir reabrir após a pandemia. No Espírito Santo 1.639 academias e estúdios estão fechados desde o início do isolamento social.

 

O QUE DIZ O GOVERNO

Procuramos o governo do Espírito Santo para detalhes sobre a Portaria e em entrevista ao FATO, a secretária Estadual de Gestão e Recursos Humanos (Seger), Lenise Loureiro explicou os critérios que levaram a publicação do documento: "Estivemos em diálogos nos últimos 15 dias com o segmento das academias e estudios, além dos profissionais de Educação Física, onde foram estudadas todas as possibilidades de se reabrir também nos municípios de risco moderado e alto. Porém os índices de isolamento e de casos de covid-19 inviabilizaram essa abertura, e neste momento a SESA (Secretaria de Estado da Saúde) autorizou apenas a abertura nas cidades de risco baixo seguindo os protocolos determinados" disse a secretária. "É um primeiro passo, de encontro aos estabelecimentos de pequeno porte, onde as atividades não aeróbicas estão autorizadas" esclarece Lenise Loureiro. 

Sobre a possibilidade de flexibilização, a Secretária Lenise Loureiro disse que se o isolamento aumentar as chances de abertura das academias nos demais municípios ainda impedidos pode avançar: "A população precisa nos ajudar compartilhando essa responsabilidade, amadurecer os hábitos é essencial nesse momento" destaca Lenise. E completa: "Reconhecemos a frustração dos empresários, não é o que desejávamos, mas o que é possível no momento" esclarece. 

 

A ACAGES (Associação das Academias de Ginástica do Espírito Santo) divulgou nota neste domingo (24) sobre a Portaria: 

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Associação das Academias de Ginástica do Espírito Santo (ACAGES) vem a público prestar esclarecimentos aos estabelecimentos voltados à promoção de saúde e ao bem-estar dos cidadãos capixabas, bem como aos demais interessados quanto às medidas impostas pelo Governo do Estado para a reabertura das academias.

A ACAGES não reconhece a divulgação das novas normas do Governo do Estado, que visa a atender 5 alunos, no máximo, por hora, inclusive para estabelecimentos com mais de 75m².

Da maneira como foram apresentadas, tais medidas atendem apenas aos pequenos estabelecimentos, como studios, gerando inviabilidade técnica e financeira de funcionamento, especialmente no que diz respeito às academias de médio e de grande porte. Essa inviabilidade acarretará, sem dúvidas, o fechamento de empresas e, consequentemente, promoverá a perda de postos de trabalho de diversos colaboradores, que dependem de seus esforços para manutenção do bem-estar de suas famílias.

Esperamos ansiosos por medidas mais adequadas e mais justas ao atendimento de nossos clientes, logicamente, dentro de todas as normas de segurança especificadas pela OMS.

Atenciosamente,

A Direção.

ACAGES

 

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