Ser avó é... - Jornal Fato
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Ser avó é...

Fiquei surpresa porque, mesmo tão novinha, já agia como uma mãe de verdade. Mudou a rotina, os hábitos...


- imagem ilustrativa

Descobri sobre a gravidez já tinha algumas semanas. No momento, foi uma mistura de felicidade, de ansiedade, de medo, de incertezas. Meu Deus! E agora?

Tentei explicar para o pai: nessa fase, tenha paciência, pois a mãe fica sensível. Seja gentil sempre, fique ao lado, seja um homem de Deus porque um filho é uma herança do Senhor na vida dos pais. Um dia terão que prestar contas sobre o caminho por onde o ensinaram a andar.

No começo sentia muito enjoo, mas não perdia a tranquilidade, nem a doçura... Fiquei surpresa porque, mesmo tão novinha, já agia como uma mãe de verdade. Mudou a rotina, os hábitos... Afinal, embora muito pequeninho, o Brayan já estava lá precisando da mamãe.

A cada semana as mudanças físicas eram perceptíveis. Era tão magrinha e, embora não tenha engordado muito, a barriga cresceu demais. Estava linda! No final, embora saudável, sentia o corpo mais cansado, a fadiga surgia ao menor esforço, mas não perdia o encanto.

Completou 39 semanas de gestação, já estava encaixado fazia uns dias e nada de nascer... Esperávamos que nasceria na semana anterior, mas nada... Ansiedade daqui e ansiedade de lá, cadê você, Brayan?

Todos os dias conversávamos e nada. Minha oração era: Senhor, que o Brayan nasça na hora que o Senhor preparou para ele nascer e que o parto seja leve, seja tranquilo. Mesmo com fé, esperar o tempo de Deus, mesmo quando damos legalidade, não é tão simples.

Iria completar 40 semanas dia 25 de junho, mas nenhum sinal concreto de que ele chegaria. Não aguentei... Chamei o esposo e fomos para Vitória na sexta, dia 23. Durante a viagem comentei: vai que está esperando a vovó chegar. Deus pode fazer a bolsa se romper...

Não era minha gestação, mas tinha um pedacinho de mim lá dentro. Não me lembro de ficar tão ansiosa nos partos dos meus filhos e entendi que neto é um filho que nasce de outra barriga.

Chegamos em Vitória na sexta após às 23h00. De fato, Brayan estava esperando a vovó (rsrsrs). Na madrugada de sábado, aconteceu tudo junto: bolsa se rompeu, sangue foi eliminado e as contrações tiveram início. De manhã cedo fomos todos para o hospital e, na hora do almoço, nasceu ele: lindo, com olhinhos abertos e saudável. O parto? Foi normal e tranquilo porque Deus responde oração.

Só felicidade e emoção para os pais, avós e para as titias. Minha caçula aos 12 anos virou tia, eu e o Gustavo viramos avós e isso é magnífico.

Ele nasceu para elevar, no quesito descendentes, o patamar de muitos de ambas famílias (materna/paterna): 1º filho, 1º neto, 1º bisneto, 1º tataraneto.

Dizem que amor de vó é enorme. Ainda estou na fase inicial, mas já entendi que vó, embora não enfrente a gestação, se sente grávida, tem medo das dores do parto, fica ansiosa para ver a carinha do bebê, para dar colinho e para preparar o ninho.

Sinto que ser vovó é gerar um filho em outra barriga e amar o filho, que não gerou, como se fosse seu. É também se preocupar se o seu filho vai dar conta de ser pai e se sua nora vai saber ser mãe. É querer ter 100% por perto quem mora em outra casa.

Em meio aos conflitos de boas emoções e de preocupações, lembrei-me que não fui uma mãe perfeita e, apesar disso, fiz - e faço - meu melhor. Não tenho dúvidas de que Maurílio e Dandara já estão dando seu melhor e, por isso, sou grata a Deus pela experiência maravilhosa de ser vovó aos 45 anos.

Creio que tudo está no controle de Deus e que o Brayan já nasceu como bençãos em nossas vidas. Por ele, sinto a maternidade se renovar em minha alma, embora não seja a mãe.

Assim, se antes eu tinha 02 filhos por quem orar, passo a ter 04: os filhos que eu gerei, a nora e o neto, todos, de alguma forma, filhos que Deus me confiou como lindos presentes.

Acho que é isso: ser vovó é ter mais alguém para encher a vida de alegria, de emoção e mais um motivo para ficar pertinho de Deus.

 


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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