Festa de Cachoeiro:Celebração da alegria de viver e conviver, sempre - Jornal Fato
Festa de Cachoeiro

Festa de Cachoeiro:Celebração da alegria de viver e conviver, sempre

Festa dos Amigos da Praça Vermelha é nesta sexta-feira (30), a partir das 19h


- Fotos: Divulgação

Há quase 35 anos é assim: a festa de todos, simples, alegre e inclusiva. Frequentadores orgulham-se de que todo mundo é bem recebido neste espaço plenamente democrático, onde, garantem, não existe distinção de cor da pele, classe social, sexo, religião, nacionalidade, orientação política ou qualquer outro tipo de discriminação.

E boa música não poderia faltar. É o grande encontro de todas as idades, para ouvir, nesta 34ª edição, a histórica Banda 26 de julho, além do aguardado show de "Edgard Pinheiro convida Clube da Seresta". Para celebrar a amizade, a alegria de viver e conviver, sempre.

Esta sempre é a expectativa para a Festa dos Amigos da Praça Vermelha, marcada para hoje (30 de junho), a partir das 19h.

Ainda mais agora, depois de um hiato de três anos por conta da pandemia de covid-19, que impediu a realização do evento, até então ininterrupto, desde 1986.   

Mas, na verdade, o começo de tudo, envolvendo toda a mítica, remonta à década de 50 do século passado. Frequentavam o local pessoas ilustres como os irmãos Braga (Newton e Rubem). E, reza a lenda, até mesmo o escritor baiano Jorge Amado já deu as caras por lá.

Líderes ferroviários - categoria articulada e respeitada na época -, jornalistas, políticos, estudantes, todos boêmios e ligados (ou simpatizantes) aos partidos de esquerda, reforçavam o clima de reivindicação, de contestação e de oposição ao sistema, que perdurou até por aproximadamente uma década depois da redemocratização do país. Nas imediações ainda funcionava o então maior cinema capixaba, o Cine Teatro Broadway, com capacidade para 1,2 mil espectadores.

Considerado o maior expoente dos ferroviários, Demisthóclides Baptista, o Batistinha, "herói da palavra" no período da ditadura militar, foi umas das personalidades cachoeirenses que mais contribuíram para a mitificação da Praça Vermelha e seu principal ponto de encontro, o botequim CDM, famoso território de livre expressão, que fechou as portas no fim dos anos 1990. 
Orgulho dos intelectuais locais, esse ponto da cidade, que nem é uma praça realmente, situa-se a poucos metros do início da Ponte de Ferro, no coração de Cachoeiro de Itapemirim. 
Com o objetivo de celebrar toda essa história, relembrar os bons momentos - mantendo a tradição da liberdade de expressão, da irreverência e da luta contra as desigualdades sociais -, desde 1986 é promovido, por iniciativa do célebre Batistinha, o Encontro dos Amigos da Praça Vermelha, que sempre acontece, exceto no período da pandemia, durante a Festa de Cachoeiro. 

Em contraponto à eleição oficial do Cachoeirense Ausente nº 1, que costuma ser elitista, também é escolhido o Cachoeirense Ausente da Praça Vermelha, entre os próprios frequentadores.

 

 
 

Em 2023, a eleita é uma mulher, a produtora cultural Penha Garcia, que reside em Vitória. Já o Cachoeirense Presente Nº 1 da Praça Vermelha é o médico Fernando Netto.

E ainda há a Comenda Sebastião Magalhães (Aúa), concedida a Valdir Franco nesta 34ª edição da festa.  

Mas, se há lendas que são eternas, os três anos sem o evento devem ter significado pouca coisa. "Na Praça Vermelha tudo se transforma e se renova, a vida nunca termina. A vida é eterna", como bem definiu Almir Forte, homenageado como Cachoeirense Presente do célebre local em 2018.

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